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Torpedos – Curso no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc


07 jun

O curso foi um sucesso! De criações, descobertas, trocas, e muitos exercícios práticos, como escrever a mão e no celular de olhos fechados.
Confira algumas imagens

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TORPEDOS – Literatura na Ponta dos Dedos

Local: Centro de Pesquisa e Formação – Sesc São Paulo

Endereço: Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar – Bela Vista – São Paulo (esquina com Av. 9 de Julho)

Dias e horários: Quartas, das 14h30 às 17h30

Data: 17/05/2017 a 07/06/2017

As inscrições podem ser feitas no site do Centro de Pesquisa e Formação ou nas Unidades do Sesc em São Paulo.

Acesso o link para as inscrições aqui: http://centrodepesquisaeformacao.sescsp.org.br/atividade/torpedos-literatura-na-ponta-dos-dedos

Sinopse
A proposta do curso “TORPEDOS – Literatura na Ponta dos Dedos”, é criar com poucos caracteres. É uma atividade de estímulo à escrita usando todas as ferramentas disponíveis à mão, especialmente os aparelhos celulares. Arte 2.0
Escrever para ler em um toque, em um clique, em um piscar de dedos. Soltar o verbo, deixar a literatura fácil. “Com poucos caracteres se escreve o que é preciso. Palavra de Narciso.”
Trata-se de uma oficina de criação que trabalha a linguagem da literatura para os dias de hoje, de síntese e conectividade. Os participantes se exercitarão na criação de poemas, mini-contos e até romances visando o compartilhamento online (via celular e internet) e também a publicação em livro e e-book, com informações sobre gêneros, estilos, tendências, mercado editorial, direitos autorais e outros.

Objetivos
– Estimular e promover a paixão pela literatura;
– Ajudar aspirantes a escritores , estudantes, professores e todos aqueles que amam a literatura a desenvolverem seus talentos com criatividade;
– Valorizar o ofício do escritor;
– Estimular a leitura;
– Formar escritores e leitores;
– Estimular a apropriação criativa dos aparelhos celulares;
– Facilitar a compreensão e o entendimento por parte de educadores e estudantes das possibilidades multimídia dos aparelhos celulares para produção de conteúdo cultural;
– Incentivar o intercâmbio de escritores, estudantes, educadores e participantes e a troca de experiências;
– Estimular os participantes a desenvolver habilidades e capacidades tais como interpretação, síntese, criticidade, análise, além do interesse pela pesquisa e pela construção de linguagens artísticas.

Metodologia
Através de exercícios de criação individual e coletiva, os participantes são convidados a se apropriarem dos seus celulares (e outros recursos à mão) de forma criativa para criar poemas, mini-contos pequenas narrativas, fotos, videos e peças de áudio inspiradas na literatura.
A oficina parte de vivências práticas, com exercícios de escrita, interpretação, captação, gravação, edição e compartilhamento de textos, fotos, vídeos e áudio, que dialogam com a teoria.
Os participantes trabalham juntos na elaboração e finalização de trabalhos com o celular e outras TICs.
No final, ocorre socialização dos trabalhos elaborados em um sarau.

Público participante

Aspirantes a escritores , estudantes, professores e todos aqueles que amam a literatura
– Jovens, adultos, terceira idade
– Estudantes
– Educadores
– Outros interessados

Conteúdo programático
Aula 1:
Construir conhecimento
Criar com o celular – Tema: livre
Escrever de olhos fechados
Compartilhar com a própria rede

Aula 2:
Criar com o celular – Temas (lista)
Desafios e oportunidades para a literatura no mobile
Compartilhar com a própria rede e a rede da oficina

Aula 3:
Territórios da palavra (Mobile, papel, intervenções urbanas, música etc)
Criar com o celular – Tema: Narrativas de nossas vidas
Compartilhar com várias redes / várias ferramentas

Aula 4:
Avaliar os processos de criação
Avaliar os processos de compartilhamento
Sarau

Tópicos Tranversais
* O que é um (bom) texto literário em um mundo mobile
* Gêneros, Estilos, Estética
* O Escritor e o Leitor: Para quem você escreve?
* Técnicas de Escritas:
– Escrevendo narrativas curtas – subtexto, concisão e efeito
– Escrevendo poesias – figuras de linguagem, versos, sons e ritmos
– Escrevendo narrativas longas – encadeamento, planejamento
* Planejando uma boa história:
– Construindo o universo ficcional
– A personagem de ficção
– O diálogo e a linguagem na literatura
– O narrador
* A ambientação da narrativa
Criando Cenas e Cenários
* O mercado editorial – Direitos Autorais, Contratos, Registros
* Feiras, Salões e Bienais
* Concursos e Prêmios Literários
* Produção gráfica:
– tamanhos de livros (capa e miolo)
– papéis e gramaturas
– cores
– acabamentos
– arquivos digitais
– orçamentos
* Divulgação:
– release
– meios de divulgação
– lançamentos
* Tópicos de Língua Portuguesa

Obs.: Todas as aulas contam com exercícios práticos de escrita e compartilhamento

Referências bibliográficas

– Mobimento – Educação e Comunicação Mobile, de Wagner Merije
– Torpedos, de Wagner Merije
– O Prazer do Texto, de Roland Barthes
– Criação Literária, da ideia ao texto, José Carlos Laitano
– Cartas a um jovem escritor, de Mario Vargas Llosa
– A arte da ficção, de David Lodge
– Seis propostas para o próximo milênio, de Ítalo Calvino
– Valise de Cronópios, de Julio Cortázar
– Poética, de Aristóteles
– O laboratório do escritor, de Ricardo Piglia
– Palavra por palavra, de Anne Lamott
– Guia Prático do Português Correto, de Claudio Moreno
– Perca o medo de escrever, de Inez Sautchuk
– A arte do romance, de Milan Kundera
– Best-seller: a literatura de mercado, de Muniz Sodré
– A arte da poesia, de Ezra Pound
– Cartas a um jovem poeta, de Rainer Maria Rilke

Proponente

Wagner Merije é escritor, jornalista, curador, gestor cultural e arte-educador, pioneiro no Brasil no uso do celular na educação e cultura. Criou e coordena o projeto MVMob – Minha Vida Mobile, que já capacitou mais de 3.000 estudantes e educadores em mais de 150 municípios brasileiros para a produção de conteúdos audiovisuais utilizando aparelhos celulares. Por esse trabalho foi agraciado com o “Prêmio Inovação Educativa” pela Fundação Telefônica e OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos) em 2011. Publicou os livros Astros e Estrelas – Memórias de um jovem jornalista em Londres (2017), Cidade em transe (2015), Viagem a Minas Gerais (2013), Torpedos (2012), Mobimento – Educação e Comunicação Mobile (2012) – finalista do Prêmio Jabuti 2013 – e Turnê do Encantamento (2009), dentre outras publicações. É coordenador editorial da Aquarela Brasileira Livros. Foi curador do Sarau do Memorial, em Belo Horizonte/MG, durante os anos de 2013 a 2015, apresentando mais de 50 poetas. Trabalhou para jornais, revistas, tvs e rádios no Brasil e no exterior. Tem músicas em discos, filmes, séries e programas de TV. Recebeu também os prêmios Sesc Sated (2003), Prêmio Tim da Música Brasileira (2005), Rumos Itaú Cultural (2008), Prêmio da Música Brasileira (2013). Em 2014 foi homenageado pelo Salão Nacional de Poesia Psiu Poético. Mantém o site www.merije.com.br

Mais informações: faleaquarela@gmail.com

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Mexidinho


08 maio

Mexidinho_capa 3d

Mexidinho é um livro da Coleção Leve um Livro.
Recebi em 2015 um convite dos criadores da coleção, Ana Elisa Ribeiro e Bruno Brum, para apresentar uma seleção de poemas. E agora essa seleção de versos retirados dos livros “Viagem a Minas Gerais” (2012), “Turnê do Encantamento” (2009) e “Torpedos” (2011) virou esse belo livrinho de 16 páginas, com tiragem de 2.500 exemplares, distribuídos gratuitamente em 22 pontos da cidade de Belo Horizonte.
A arte da capa é da Tatiana Perdigão.

Mexidinho é o livro do mês. E Wagner Merije o poeta do mês. Maio/2017

Mexidinho_Leve um livro_livro do mêsMexidinho_Wagner Merije_Poeta do mês

 

 

Mexidinho_com café Mexidinho_na ampulheta

Um poema:

Obra-prima
Quando a palavra encontra rima
uma estrofe pode virar obra-prima

Se você não topou com o livro por aí, pode saboreá-lo fazendo o download aqui

 

Conheça os outros livros e poetas participantes no site www.leveumlivro.com.br

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Poesia dos Brasis


19 jul

A poesia de Wagner Merije é destaque no site do professor, doutor e escritor Antonio Miranda.

poesia-de-merije_antonio-miranda

 

Leia na íntegra aqui: www.antoniomiranda.com.br/poesia_brasis/minas_gerais/wagner_merije.html

 

Antonio Lisboa Carvalho de Miranda é maranhense nascido em 5 de agosto de 1940. Membro da Associação Nacional de Escritores. Foi colaborador de revistas e suplementos literários como o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil e também o La Nación (Buenos Aires, Argentina) e Imagen (Caracas, Venezuela).

Professor e ex-coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação do Departamento de Ciência da Informação e Documentação da Universidade de Brasília, Brasil, ministra aulas e cursos por todo o Brasil e países ibero-americanos. Aposentado, é professor Colaborador Sênior, e orientador de teses e pesquisas. Também é consultor em planejamento e arquitetura de Bibliotecas e Centros de Documentação.

Organizador e primeiro Diretor da Biblioteca Nacional de Brasília, de fev. 2007 a out. de 2011. fev. 2015- .

Doutor em Ciência da Comunicação (Universidade de São Paulo, 1987), fez mestrado em Biblioteconomia na Loughborough University of Technology, LUT, Inglaterra, 1975. Sua formação em Bibliotecologia é da Universidad Central de Venezuela, UCV, Venezuela, 1970.

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Torpedos Literatura na ponta dos dedos_Sesc Bauru


30 abr

O escritor Wagner Merije realizou mais uma oficina “Torpedos – Literatura na ponta dos dedos”, desta vez no Sesc Bauru, entre os dias 26 e 29/04/2016.

Foi um encontro agradável com escritores, estudantes, estudiosos, educadores, aspirantes a artistas e muita gente boa. Talento, carisma e vontade de brilhar fazem a diferença.

Veja alguma imagens

 

Saiba mais: http://sescsp.org.br/programacao/90527_TORPEDOS+LITERATURA+NAS+PONTAS+DOS+DEDOS

 

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Sou poeta


20 out

Dia 20 de outubro é o dia do poeta.

Para comemorar, resolvi juntar alguns versos do livro “Torpedos“:

Sejam realistas:
Peçam sempre o impossível!

Com poucos caracteres
se escreve o que é preciso
Palavra de Narciso

Vivo pescando
versos
Como quem
reza um terço
E conta certo
Com um milagre

Hipnotizo palavras
Domo frases selvagens
Escrevo com tinta de
constelações
Falo pelo indizível
Poesia chama
Poesia é chama

O tempo veloz
Não tolera linha longa
A vida é breve
Poesia é creme

Poesia
Ave de barro
Plumas de terra
Aventura Ritual
Formas etéreas
Olhos em poros
Poesia
Voz flamejante
De tudo que existe
em nós

O poeta pena
Para escrever com o
que possa
Memórias vibrantes
Para a vida

Faço poesia como quem
Constrói cidades
Cada palavra-tijolo
Sustenta sua
importância
Sua verdade

Todo dia recito
cem versos
Para que o dia
fique bem diverso

Quando a palavra
encontra rima
Uma estrofe pode virar
obra-prima

As palavras carregam
Histórias dos séculos
Escrevo para
testemunhar

O que não vivi

Meu museu é meu corpo
Minhas memórias relíquias
O tempo é superlativo
Nessa museologia
Poesia é um estado de coisas!
Sou do estado da poesia!

Desliguei-me da lógica
racional
Faz tempo
Sou poeta, laboratório
transpessoal, expressão
Contratempo

A todos os poetas, minha singela homenagem!

Merije e Adélia na hora do almoço, após o Sarau do Memorial

Merije e Adélia na hora do almoço, após o Sarau do Memorial

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Análise do livro Viagem a Minas Gerais


12 maio

Em outubro de 2014, por ocasião do 28º Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, a Unimontes (Universidade Estadual de Montes Claros/MG) convocou alguns de seus alunos do curso de Letras para analisar obras dos poetas que seriam homenageados, entre eles Wagner Merije.
Sob orientação da professora Telma Borges o estudante, poeta e músico Cícero Neto escolheu o livro “Viagem a Minas Gerais”, e fez uma excelente análise.

Cicero Neto recita Viagem a Minas Gerais_Psiu Poético

“Wagner Merije é escritor, jornalista, compositor, e videasta. Reside atualmente em São Paulo, onde está envolvido como projetos multimídia ligados à literatura, música, vídeo, fotografia e arte-educação. Não é por acaso que sua arte é associada a essa interatividade e é conhecida como suprasensorial, despertando a atenção e interesse de crianças, jovens e adultos. Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, Merije têm trabalhos no Brasil e exterior.
É autor dos livros de poesia Viagem a Minas Gerais (2013), Torpedos (2012), Turnê do Encantamento (2009) e Mobimento – Educação e Comunicação Mobile (2012), que trata da apropriação do celular na educação e comunicação e foi finalista do Prêmio Jabuti 2013 na categoria “Educação”. Esses trabalhos foram lançados em diversos eventos, como Bienal do Livro de São Paulo, Balada Literária (SP), Casa das Rosas (SP), WebCurrículo (SP), Psiu Poético (MG), entre outros, e podem ser encontrados em livrarias e espaços culturais e educativos.
Merije também é criador e curador de eventos literários, como “Sarau Suprasensorial”, “Sarau do Memorial Minas Gerais-Vale”, “Sumário Poético” e “Bienal de Poesia de Minas Gerais”, e já participou dos grupos de poesia performática “Tripa de Mico Estrela” e “Panela de Expressão”. Por dois anos foi titular da coluna “Bom de Ler”, na revista BHS, com dicas de leitura.
Como jornalista, trabalhou para veículos no Brasil (Revista Palavra, Rede Minas, TV Horizonte, TV SENAC, O Tempo, Vivo Music Tones, Rádio Inconfidência, Savassi FM) e no exterior (Folha de São Paulo/caderno Folha Ilustrada, Euro Brasil Press, ambos em Londres) e é colaborador de revistas, jornais e sites.
Em paralelo, junto e interfaceando com a literatura, Merije se lança em constantes novas aventuras, pois acredita que toda experiência alimenta a escrita.
Na música lançou os discos autorais “Coletivo Universal” (2004), “Peopleware” (2009), “Se você perder a voz” (2011), “Suprasensorial” (2012). Nele, é proposto a mistura de nossos ritmos com a participação de trinta e dois músicos, entre eles, um dos mestres do trombone brasileiro Raul de Souza, “Liganóis” (2013), o DVD “Feito Durante o Dia” (2013), entre outros trabalhos. (fazer uma associação ao nome artístico “Merije” que é feito durante o dia).
Como roteirista e diretor audiovisual têm vários trabalhos exibidos na internet, em canais de TV e festivais de cinema.
No campo das iniciativas sociais, é idealizador e gestor do projeto cultural e educativo Minha Vida Mobile – MVMob- www.mvmob.com.br, que tem o objetivo de capacitar estudantes e educadores para produzir conteúdo audiovisual com celulares, fazendo do telefone um aliado no processo educacional.

Este trabalho objetiva apresentar o livro Viagem a Minas Gerais, do escritor, educador, jornalista, compositor, poeta e videasta Wagner Merije, na perspectiva de uma etnografia poética. Ao fazer sua travessia pelo estado de Minas, o autor dialoga com as línguas, religiões, tradições, que são transmitidas pelas gerações. Nessa perspectiva, acreditamos que mesmo sendo frutos da formação de várias etnias, conseguimos encontrar um ponto, ou alguns pontos em comum em na formação de povo mineiro, atestando assim nossa mineiridade.
Em Viagem a Minas Gerais, Merije faz uma epopéia contemporânea sobre nossos múltiplos Gerais, nossa identidade única de ser mineiro, povo desconfiado, de fala pouca e olhar sucinto. Com esmero aborda nossas raízes cavadas por diversas tribos e quilombos, facetas que nos compõem e nos faz ser assim, resistentes e bravos como o cerrado que nos envolve. Traz à tona a importância das marcas deixadas pelos nossos ancestrais: a língua, culinária, folclore e religiões. O livro é composto por setenta e oito poemas e o autor, em sua epopéia, atravessa mais de 220 municípios mineiros.
Nossas Minas são muitas e os Gerais vastos: geografia, divisas, fauna, flora, tudo em Minas parece querer falar. Um falar pouco, de voz macia e lenta, e já diziam que o relógio aqui anda mais lento mesmo, numa toada de carro de boi, num fim de tarde que se esvai junto com o cigarro de palha do matuto. Tudo aqui vira poesia, tudo aqui dá prosa na beirada do fogão, e de lá pro terreiro, onde se afina a viola, enquanto isso conta-se um causo, pronto, é folia de reis, é cantoria de fazer inveja, é festa de mineiro.
Índios e negros, com suas tribos e seus quilombos, abriram picadas nesse mundo sem fim, deixando aqui, de forma indelével, com todo seu sofrimento e sangue derramado, uma força desmedida que reverbera de forma aguda na alma do ser mineiro. Essa mesma força, e uso aqui uma expressão criada pelo poeta Merije: “caldo da cultura que eu tanto gosto”, foi o caldo grosso que nos dá um tempero e um sabor sui generis.
Em Viagem a Minas Gerais percebemos a presença de uma etnografia poética suscitada por Wagner Merije, que cumpre, como bom poeta que é, além de tantos outros compromissos com a poesia, o de ser, como diria Ezra Pound, a antena da raça. Antena essa que nos faz enxergar o valor dessas etnias várias em nossa formação, reconhecendo-as e assim, nos fazendo sujeitos entendedores de nosso processo de formação, auxiliando e iluminando essa relação com o outro, com Minas, com o mundo.
João Rosa em Grande Sertão: veredas, dizia que “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe pra gente é no meio da travessia”. É isso que o autor propõe. De forma audaciosa se embrenha e se move por entre nossas montanhas e cerrados, veredas e sertões, rios e cascatas, degustando o aprazível sabor de nossas quitandas, nossa gastronomia sagrada, num trabalho mágico de travessia poética, nesses vastos cantos de um mundo à parte chamado Minas. Essa obra sugere ao coração o orgulho em ser mineiro.

Consideremos o poema abaixo:

Sentimentos de Minas

Quem conhece Minas
Adquire mesmo sem perceber
Nova cor na retina
Uma emoção algo difícil de dizer

E de repente arde
E vem e fica
Uma latente saudade
Nostalgia física

Nunca mais esquecerás
Tua vida será antes e depois dessas esquinas
Fica no peito, batendo
Um sentimento de Minas

Percebemos como é impactante e transformador esse encontro, por toda carga emblemática que Minas representa. Quem a conhece nunca mais será o mesmo. O uso de metáforas, como por exemplo, “nova cor na retina”, acentua ainda mais o caráter desse encontro tornando-o inesquecível. Minas se transforma num sentimento, algo abstrato e forte, que fica e não vai embora, é incorporado à alma do sujeito, a saudade incomoda, palpita, faz lembrar sempre. Outro ponto a salientar é o fato de aqui em Minas, as esquinas assumem outra identidade, elas possuem outro valor, não são esquinas comuns. O nosso Clube da Esquina, de Beto Guedes, Toninho Horta, Lô Borges, Milton Nascimento, Fernando Brant entre outros, as tornaram mágicas através de harmonias extremamente sofisticadas e letras encantatórias de uma inventividade peculiar, numa construção musical esmerada, que toca a alma sem muito esforço.
Citamos agora, esse poema que demonstra o relacionamento intrínseco que a culinária assume na vida do mineiro:

República do pão de queijo

O cheiro do pão de queijo
Assando
Pode não iniciar uma revolução
Mas deixa o mineiro
De prontidão
Preparado para qualquer guerra
O pão de queijo, uma das iguarias mais emblemáticas da gastronomia mineira (especula-se que a receita exista desde o século XVIII), está representado no poema como uma fonte suprema de energia e disposição (o que o espinafre, por exemplo, representaria pro Popeye) e através dessa energia, se enfrentaria qualquer situação, até mesmo uma guerra. Dessa forma temos um elemento de nossa cultura gastronômica reafirmando nossa mineiridade.

No poema “Tribos de Minas”, Merije utiliza o nome das doze etnias indígenas espalhadas em territórios diferentes dentro do nosso estado, bem como expressões que nomeiam cidades, ruas entre outros lugares, nosso vocabulário. O poeta (re) afirma a profunda participação da cultura indígena em nossa formação, em nosso patrimônio, ao mesmo tempo que como diria Suassuna; “fala do povo para povo”.
Segundo Donizete Rodrigues em seu trabalho “Patrimônio cultural, Memória social e Identidade: uma abordagem antropológica”, património é o conjunto de bens, materiais e imateriais, que são considerados de interesse coletivo, suficientemente relevantes para a perpetuação no tempo. O património faz recordar o passado; é uma manifestação, um testemunho, uma invocação, ou melhor, uma convocação do passado. Tem, portanto, a função de (re) memorar acontecimentos mais importantes.
Na primeira estrofe há uma pergunta de extrema reflexão: “cadê os índios de Minas?” Diante do questionamento, tenta-se encontrar uma justificativa:

Foram pescar e nunca mais voltaram?
Migraram pelo território?
Ou viraram peça de museu?
Cadê? Cadê?

Chega-se a triste conclusão: “Parecem longe, LONGE”. O poema sugere dessa forma uma parcial extinção das tribos que aqui existiram. O que era abundância, hoje se tornou raro. Suscita uma análise crítica sobre nossos antepassados indígenas, colocando em xeque toda estrutura de tratamento para com eles.
Mais abaixo, o eu lírico nos diz:
E de repente percebo que estamos
Em toda parte

Outra (re) afirmação de que a cultura indígena está entranhada em nós, em nossos hábitos, em nossa memória. Estão em todo lugar, nos rodeia de toda forma, são nossos antepassados vivos, lúcidos. Passaram, sofreram, mas deixaram sua cultura.
Finalizando, me apoio no movimento antropofágico de Oswald de Andrade, inaugurado na semana de arte moderna de 1922, o qual era composto por duas vertentes. A primeira se voltava para a produção nacional, ou seja, a cultura indígena, liberação dos instintos e valorização da inocência. A segunda era baseada na proposta de não rejeitar, não refutar o que era oriundo da Europa ou de outros países. Sendo assim, usamos num contexto filosófico o termo alteridade, ou seja, eu respeito, digiro, devoro, me aproprio, me construo na cultura do outro, e assim, me faço humano. Nessa medida, trabalha-se o processo de aceitação do indivíduo, tornando mais aprazível as relações com o próximo, consigo mesmo e com o mundo.
Essa relação fica clara na estrofe abaixo:

Índia Minas
Somos índios em alma, práticas e palavras
Piracema, Pirapora, Piumhi
Sapucaí-Mirim, Paraopeba
A cultura é viva
Mesmo os que já se foram estão vivos
Na memória, o dia-a-dia
Jaboticatubas, Janaúba, Januária

Merije deixa claro que somos frutos de negros, índios, mulatos, caboclos, mamelucos, somos miscigenação, somos caldo da cultura desse povo que nos forma, que nos faz ser assim, unicamente mineiros, unicamente humanos.

Tribos de Minas

Macro-jê
Caiapós, Tupys, Guaranys, Krebaks, Botocudos
Cadê os índios de Minas?
Foram pescar e nunca mais voltaram?
Migraram pelo território?
Ou viraram peça de museu?
Cadê? Cadê?
Parecem longe, LONGE

Chamo, CHAMO por NÓS
Acaiaca, Aimorés, Açucena, Abaeté
Aiuruoca, Almenara, Araçuaí, Araguari
Bambuí, Botumirim
E de repente percebo que estamos
Em toda parte
Jequitinhonha, Joaíma, Juatuba
Machacalis, Manhuaçu, Manhumirim

Minas tem o corpo de índia
A cultura indígena está entranhada
No corpo de Minas
Itabira, Itabirito, Itaúna
Itajubá, Itambé do Mato Dentro
Itapecerica, Igarapé

Minas é uma Indianápolis
Basta ouvir seus sons
Guanhães, Guaraciaba
Guarará, Guaxupé, Gurinhatã

UM TROVÃO . . .
É TUPÃ!!!

Na pajelança os espíritos vão dançar
Junto com Iara e Oxossi também
Resiste Bugre, criado nas Braúnas
Nos Buritis, no Buritizeiro
Irmãos de Caeté, Carapós e puris
Das bandas de Camanducaia, Cambuí
Cambuquira e Carandaí

Índia Minas,
Somos índios em alma, práticas e palavras
Piracema, Pirapora, Piumhi
Sapucaí-Mirim, Paraopeba
A cultura é viva
Mesmo os que já se foram estão vivos
Na memória, no dia-a-dia
Jaboticatubas, Janaúba, Januária

O TROVÃO . . .
É TUPÃ QUE PERGUNTA . . .
E a pergunta ecoa:
Cadê os índios de Minas?
Cadê eu?
Cadê você, irmão brasileiro?
Inimutaba, Ipanema, Ipatinga
Ubá, Ubaporanga, Unaí

Cadê?
ARANÃ, CAXIXÓ, MAXAKALI, PANKARARU
PATAXÓ, MOKURIÑ, XUKURU-KARIRI
XAKRIABÁ, CAFÚ-AWA-ARACHÁS”

Por Cicero NetoDepartamento de LetrasUnimontes

Fica a dica de leitura: “Viagem a Minas Gerais”.
Acompanhe a trajetória do livro aqui: www.merije.com.br/diario/viagem-a-minas-gerais-o-livro

Cicero Neto lê Viagem a Minas Gerais_Psiu Poético_10102014

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Turnê do Encantamento – primeiro livro de Wagner Merije


10 fev

 

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A poesia pode transformar a vida das pessoas e fazer folia no nosso cotidiano e, por isso mesmo, “Turnê do Encantamento” vai te tocar profundamente.
Bem escrito, composto por textos inspirados e instigantes, e com um belo tratamento visual, o primeiro livro do poeta, escritor, jornalista e compositor Wagner Merije conduz o leitor por um roteiro imagético e sensorial embalado por uma trilha sonora delicada e ritmada.
O autor mergulha também em outros temas, como o cinema, a literatura beat, o existencialismo, a reflexão sobre o amor, as relações humanas, as cidades e a conquista da dignidade do ser.
O livro reúne poemas escritos ao longo dos últimos 15 anos, elaborados em várias cidades e países e conta com fotos e colagens do próprio autor.
Poesia ou memórias? Narrativa visual.


ALGUNS POEMAS

respeitável público
aqui peço licença
para abrir caminho
para a’soprar o vento
ó respeitável público
me dê licença
para fazer
da sua imaginação
o meu templo

Como espectador
da miséria dos músculos,
meu combustível é o desejo.
É o desejo,
e assim desejo me anunciar…

Não sou o infinito
Sou uma obra de deus inacabada,
Um laboratório de experiências
Uma alma feita de pólvora
e sensibilidade

A bem da verdade
Cada um nasce para alguma coisa
A bem da verdade
Cada um tem sua missão
minha arte fazer parte
minha parte fazer arte

Deve ser uma estrela que nasceu
Na minha cabeça
Porque de repente
Acendeu uma certeza
No meu coração

Pra onde vai o fogo, depois que/ se apaga?/ (…)
Enquanto eu não mergulhar,/ como as raízes,/
Para dentro da “rocha viva da/nossa raça”,/
Nunca serei árvore…nem fruto…/
Apenas uma vela sob a luz do sol…

Muita gente não consegue escutar
No silêncio os dizeres do mundo
O vento beija a pólvora/ Ouriça os ânimos/ O céu estremece com o fogo que sobe por suas entranhas

Eles queriam Jesus/ E não queriam de graça

Vingança não é anestesia

Coragem
Vou seguir sem medo, sem preconceito,
sem esperar aplauso, vou fazer o que tem que ser feito

Tô pedindo a Deus coragem
Coragem pra prosseguir
O homem na estrada é filho de Deus
Olha ele aí

É nessas horas que se comprova
Se Deus existe mesmo
Esse mundão lá fora
E até a coragem tem seu preço

Levanta a cabeça, lembra da sua mãe
Que como um milagre te trouxe a vida
Agora é contigo, cumpradre
Se vira

Quem é que nunca teve medo de mudar?
Quem é que nunca pensou em desistir?
Mas e aqueles que conseguiram chegar lá?
E aqueles que conseguiram ser feliz?

Quem é que nunca quis experimentar?
Quem é que nunca tentou se iludir?
Fico com aqueles que fizeram como era de se esperar,
Deixaram o coração decidir!

Coragem

Vou seguir sem medo, sem preconceito,
sem esperar aplauso, vou fazer o que tem que ser feito

 

SOBRE O AUTOR

Wagner Merije é poeta, escritor, jornalista, gestor cultural, curador, criador audiovisual e editor. Publicou os livros Mexidinho (2017), Astros e Estrelas – Memórias de um jovem jornalista em Londres (2017), Cidade em transe (2015), Viagem a Minas Gerais (2013), Torpedos (2012), Mobimento – Educação e Comunicação Mobile (2012) – finalista do Prêmio Jabuti 2013, e Turnê do Encantamento (2009), lançados em alguns dos principais eventos literários do país. Sua escrita também está em antologias e em outras mídias. Tem músicas em discos, filmes, séries e programas de TV. Recebeu os prêmios Sesc Sated (2003), Prêmio Tim da Música Brasileira (2005), Rumos Itaú Cultural (2008), Inovação Educativa Fundação Telefônica – OEI (2011) e Prêmio da Música Brasileira (2013).  Mantém o site www.merije.com.br

 

DADOS DO LIVRO
Título: Turnê do Encantamento
Autor: Wagner Merije
Editora: M/Aquarela Brasileira
Número de páginas: 80 págs.
Gênero: Poesia
Formato: 15×20 cm
Encomendas: faleaquarela@gmail.com

 

arte parte

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