Diário

Crianças


14 mar

Em meio a tanta confusão

racismo, ódio, corrupção

desemprego, injustiça, inflação

síndromes que vêm e vão

eu olho para as crianças

e vejo a cara do futuro

não sejas cruel

tem um sorriso no meio disso tudo

porque criança nasce com um sorriso

para estampar no rosto

pares de pisar nos nossos corações

tem que ter compaixão

todo mundo passa pela infância

tem que ter sorriso nisso

essa é minha esperança

tem que ter um cantinho para a gente cuidar

desse jardim e plantar novas sementes

e ver crescer destinos

meninas e meninos plenos

de direitos, de sorrisos

plenos

eu posso estar cansado do presente

e sei bem dos fantasmas do passado

mas nas caras das crianças

eu vejo o futuro parecer criança

eu posso estar explodindo por dentro

o mundo pode estar explodindo por fora

mas eu respiro, olho nos olhos

e penso que com criança a gente tem

que lidar com respeito e infância

tem um sorriso lá no fundo dizendo

alimente esse sonho

brinque na corda bamba

veja o mundo como as crianças

com a cara e a coragem das crianças

sempre brincando de frente pro presente

As crianças chegam nos pedindo um pouco mais de tempo, passos mais lentos, olhares mais atentos, abraços sem pressa, sorrisos sem limites…

Um poema (em elaboração) de Wagner Merije

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Marcha da Paixão


10 mar

Nossos versos avançam na Marcha da Paixão
sem medida
fecundados do futuro da nação
Nossos versos carregam o espírito da liberdade
e seguem a vida
lutando por emancipação
Nossos versos avançam na Marcha da Paixão
e ocupam a avenida
passos decididos na ação
Nossos versos carregam o espírito da liberdade
da causa oprimida
e da graça convicta da paixão
Mais amor
mais desejo
mais tesão
são muitas as pautas entre a multidão
Venha participar
ser amado e amar
Junte-se a nós nessa luta por finais felizes
e por menos cicatrizes no coração

Nossa manifestação é pacífica
e amorosa
dos partidários por menos corações partidos
Nosso percurso é o trajeto do afeto
luta vagarosa
voto não vencido
de quem luta pelo certo

Alguma resistência vamos enfrentar
a polícia vai querer dar porrada
os pastores vão tentar criminalizar
Sem querer desanimar
a hora é legítima e na caminhada
o povo vai nos apoiar

Pelas reformas
mais amor
mais desejo
mais tesão
erga sua bandeira
exerça seu direito cidadão
junte-se a nós
na Marcha da Paixão

Um poema (em elaboração) de Wagner Merije

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Agradecimento pela criação da mulher


08 mar

A mulher é tão especial, tão forte e tão bela
que todos os dias devemos agradecer pela sua criação
pelas suas crenças, pelas suas apostas, pois sem elas
nada mais faria sentido, muito menos o amor e a paixão
Nas florestas de testosterona e desejos
em uma batalha constante pelo direito ao corpo
um futuro melhor é o que eu vejo
e cresço como uma onda na direção de um porto
Arranhões, curativos e muitas lágrimas
o mundo é reinventado a cada dia dentro de um útero
precisamos de memória para cultivar lembranças
e desejar aos nossos filhos um futuro próspero
Beijos de amor em noites de tempestades
e uma criança chora para ser eterno fruto
nos olhos da mulher reluzem mil verdades
enquanto o homem feminino faz o seu tributo
Seja quem for, fizeste o certo quando criastes a mulher
fizestes o teu melhor, com capricho e com prazer
Peço que não nos deixai nunca desanimar ou se abater
diante das maldades, da impunidade e do maldizer
Que a mulher forte, firme, simples, sincera
nos leve a ver o outro lado de toda a barbárie
onde homens e mulheres em sua cega espera
encontrarão o verdadeiro amor que os salve

Um poema em elaboração de Wagner Merije
Neste dia especial, neste país especial, neste mundo especial para todas as mulheres de minha vida, em especial para Dilma Rousseff

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Psiu Poético – Ocupação São Paulo


06 mar

Em fevereiro e março o Psiu Poético ocupou São Paulo e realizou uma jornada de eventos literários e de formação:

29/02 – Contextos Literários – Literatura Independente – Sesc Consolação
O curador Aroldo Pereira apresentou a palestra “Salão Nacional de Poesia Psiu Poético – produção de eventos poéticos fora do eixo Rio/São Paulo”. Participou da mesa a escritora Ivana Arruda Leite.

01/03 – Sarau Suburbano Convicto com Psiu Poético

02/03 – Celebração dos 30 anos do Psiu Poético – Casa das Rosas Espaço Haroldo de Campos – Das 19h30 às 22h30 – Avenida Paulista, 37

03/03 – Patuscada Bar e Livraria – Sarau – Das 20h à meia noite – Rua Luís Murat, 40

05/03 – O Autor na Praça recebe Psiu Poético

Poetas e escritores do norte de Minas estiveram presentes no evento, como Karla Celene Campos, Sandra Fonseca, Marlene Bandeira, Andreia Martins, Renilson Durães, Marcio Moraes, Jurandir Barbosa, Aciomar de Oliveira, entre outros, além de poetas e escritores de outras regiões, como Jairo Fará (São João Del Rei), Luis Turiba (Rio de Janeiro), Noélia Ribeiro (Brasília), Ricardo Silvestrin (Rio Grande do Sul), Wagner Merije (MG/SP), Mavot Sirc, Eduardo Lacerda (RS/SP), entre outros.
Em todos esses eventos houveram lançamentos de livros dos participantes.

Em outubro o Psiu Poético passará por uma de suas maiores edições. Grandes nomes da poesia brasileira estarão presentes em Montes Claros. Muitas surpresas aguardam a 30º Edição do mais longínquo festival de poesia do Brasil.

E em breve será lançado o livro “Trinta Anos Luz – Poetas Celebram 30 Anos de Psiu Poético”, com participação de poetas de vários estados do Brasil.

Mais informações

www.aquarelabrasileira.com.br/psiu-poetico-30-anos-celebrando-a-poesia

www.psiupoetico.com.br

Entrevistas, fotos: psiupoetico@gmail.com ou faleaquarela@gmail.com

Fone: (11) 9 9821-1330

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Morfina


04 mar

Conheço policiais que não dormem de remorso

E políticos, que para dormir, se entopem de narcóticos

Conheço muitos homens de caráter falho

Esses mesmos homens que roubam o Estado

Conheço líderes confiáveis

E tantas guerras tão intoleráveis

Desconheço homens ricos sem partido

E banqueiros que não sejam bandidos

Conheço presos que pintam bem como Dali

E jovens saltimbancos que não têm como sorrir

Conheço mães que pros seus filhos dão desprezo

E homens que matam e roubam e não são presos

Conheço a adrenalina dos mistérios

E a perplexa vaidade dos cemitérios

Conheço a solidão de quem não tem ninguém para amar

E crianças que adorariam ter alguém para abraçar

Conheço padres que pensam dedicadamente no seu povo

E muitos papas que canalhamente esbanjam muito ouro

Conheço a lua que é só boa para poucos

E tantos bruxos que se entopem de tesouros

Conheço deuses que abençoam o futuro

Conheço bem a altura desse muro

Conheço a dor que grita louca pela rua

Conheço essa raiva que também é sua

Conheço o álcool do dinheiro

E o porre dos sonhos que todo dia perco

Conheço a grave anemia da pobreza

Essa doença não é para quem mereça

Conheço garotas que merecem o meu amor

E o veneno rápido que se esconde em tanta flor

Conheço o brilho das estrelas

E outros brilhos que só trazem dor de cabeça

Conheço a inquietação de muitos negros

E tantas mulheres dignas de respeito

Respeito todas as lutas contra o preconceito

Contra sexo, cor, credo, lado, defeito

Conheço a ira que o povo guarda

E o tom da paz que me agrada

Conheço a indignação que não quer desaparecer

E os limites do limite do que posso fazer

Conheço pessoas que não dormem de remorso

E quero que essas pessoas evaporem de desgosto

Um poema de Wagner Merije

BH, 1995 + dez/2001

Publicado até agora no livro “Cidade em transe” (Aquarela Brasileira Livros)

 

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Merije falando o poema Morfina_Psiu Poético 2015

Merije falando o poema Morfina_Psiu Poético 2015

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Contextos Literários – O lugar do Sarau


10 fev
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… …
Contextos Literários é um projeto do Sesc Consolação, em São Paulo, concebido pela programadora Roberta Scatolini.
Inaugurando o projeto, nos meses de janeiro e fevereiro o tema é a Literatura Independente, alternativa que os escritores criaram para a publicação de suas obras. Serão seis encontros, sempre às segundas-feiras à noite, com a presença de convidados percorrendo desde os processos de criação individual dos textos, como os caminhos da produção literária, o mercado editorial alternativo e os possíveis espaços de circulação das obras e de seus autores.
O lugar do Sarau
Nunca se falou tanto em Saraus. Na cidade de São Paulo esse tipo de evento ganhou visibilidade na periferia, chamando a atenção da mídia e de pesquisadores por apresentarem características em comum, como: espaços com público consolidado, presença de livros, incluindo a edição independente dos próprios frequentadores, e local de referência e grande repercussão cultural. Entretanto, existem outras formas de organização de Saraus. Neste encontro partiremos de duas experiências bem distintas, que pretendem fomentar o diálogo sobre a formação de leitores e escritores, a circulação de livros, o incentivo cultural e outras questões que circundam o lugar dos Saraus.
Rodrigo Ciriaco é professor, escritor, mediador de leitura e ativista cultural. Criou o coletivo cultural Sarau dos Mesquiteiros, que acontece dentro de uma escola pública de São Paulo, onde ele leciona. Colabora com os projetos Cooperifa e Rachão Poético – Copa Mundão de Poesia, e o selo literário Edições UM por TODOS. Publicou os livros “Te pego lá fora” (Edições Toró, 2008), 100 Mágoas (Edições Um Por Todos, 2011), “Vendo Pó…esia” (Edições Um Por todos, 2014). Produz o blog “Efeito Colateral” e atualmente integra o Conselho Diretivo do PNLL – Plano Nacional do Livro e Leitura.
Wagner Merije é escritor, jornalista, curador, gestor cultural, criador multimídia e diretor artístico do músico Raul de Souza. É autor dos livros “Cidade em transe” (Aquarela Brasileira, 2015), “Viagem a Minas Gerais” (2013), “Torpedos” (2012), “Mobimento – Educação e Comunicação Mobile” (Peirópolis, 2012) – finalista do Prêmio Jabuti 2013 – e “Turnê do Encantamento” (2009), entre outras publicações. Foi curador do Sarau do Memorial, em Belo Horizonte/MG, durante os anos de 2013 a 2015, levando mais de 40 poetas independentes à cena cultural mineira.
… …
Serviço
Contextos Literários com Rodrigo Ciríaco e Wagner Merije
Data: 15/02/2016
Horário: 9h15 a 21h30
No Espaço de Leitura, 3º andar.
Sesc Consolação
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Brasareiros


01 fev

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— Aprendemos a respeitar o fogo e amá-lo, ao mesmo tempo. Aprendemos a viver onde nosso mapa aponta. Arre! Somos desse mundaréu e o fogo é a nossa língua, nossa pátria. Seu moço, somos nada não!

— Mas os homi cegos que vêm aqui de vez em quando falar que nóis emprega crianças onde num deve, nem enxerga nóis direito. Eles têm medo di nóis. Mas eu te pergunto: medo de quê? Por quê? Pra quê? A gente é nada não, fulige sem nome cheirando a carne queimada.

— Olha pra nossas caras… Somos todos pretos. Fulige iguala nóis com a noite. Somos todos daqui, do fogaréu. Nascemos e morremos como um sopro de Deus. E só deixamos cinza para encontrar a terra. Mundaréu cheio das porteiras. Vai ver era para ser assim mesmo, né não?

— Somos todos brasareiros, brasileiros de brasa. Carvão. Ou melhor, cinzas. Somos apenas cinzas do que já fomos, do que podíamos ser. Tudo em nóis queima, foi queimado e não existe mais. Nem sinal de fumaça.

— E vosmecê pode estar perguntando: mais quem são essas vozes que falam? São as vozes do fogo, das labaredas! Fogo de quem não existe mais. As vozes dos ausentes. Dos incinerados. As vozes que engolem fogo.

— Com o fogo se queima e é queimado. E não existe mais nada depois das cinzas. Todos esses meninos que vocês vêem aí correndo entre fornos são restos de sonhos, são zumbizinhos carbonizados. São gente não, são carvão e restos de brasa. Brasareiros.

— Enquanto isso, na China o sol é coberto por uma imensa nuvem de fumaça.

 

(Autor: Wagner Merije)

 

 

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Não acredito acreditando


21 jan

Não acredito em Poeta

que não lava a Própria cUeca

não Acredito em Homem

que não lava A própria consCiência

Não acredito em políCia

que não faça a Sua própria cOmida

não acrediTo em polícia

batEr e prender pra Mim não é Vida

Não acredito em diretor de TV

que iGnore que um dia Já fomos Nada

não acredito em diRetor de TV

é mais cego o Que não quer ver

Não acrediTo em presiDenta

que com o povo não Se entenda

não aCredito em presidenta

mas o respeito se mAntém e se aliMenta

Não acredito em advoGado

que não sabe o qUe é ser considerado

não acredito eM advogado

que esconDa o seu passado

Não acredito em pastOr

que iLude o sofredor

não acredito em pAdre

que não reParte com amor

Não acredito em políTico

que não pensa e aGe pelo coletivo

não acRedito em político

que apela para o Cinismo

Não acredito em proFessor

que não Tenha ideais

não acreDito em professor

que nem amar o outro é capaZ

Não acredito em cozinNheiro

que Não ame um meXido

não acredito em cOzinheiro

que cozinha por dinHeiro e pra ficar Famoso

Não acredito em pessoa

que se ache Muito fera

não acredito Em vão

Só acredito nos pais

nos pais e nas mães

que trocam fralda de cocô

que dão banho

que fazem comida e dão para os filhos

que escovam os dentes e dão vitamina

que fazem inalação no inverno

e levam para passear todo dia

que passam horas em claro de noite

e o dia inteiro correndo

que lêem histórias e estimulam as crianças

que são multimídia por destino e natureza

e amam o que fazem

No tempo e em cada momento

estes se farão vencedores

 

 


(Um poema em construção de Wagner Merije)

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em mim todos os sonhos do mundo


04 jan

Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada, pensou. Mas ele sabia que à parte isso, tinha em si todos os sonhos do mundo.

Por isso ele resolveu pegar aquela camiseta branca velha e pintar a frase de Fernando Pessoa. Na frente e atrás. E quando terminou, deu um beijo na mãe, tomou um copo d’água e se despediu, dizendo que ia se encontrar com uns amigos.

A mãe, que na noite passada tinha tido um pesadelo em que via um corpo boiando inerte em uma piscina, achou estranho, sentiu um negócio esquisito no peito, mas se limitou a dizer “Se cuide meu filho!”

Ia encontrar com os amigos era para protestar. Protestar contra o governo. Contra as arbitrariedades. Uma palavra tão cabulosa que deve ter sido inventada em tempos difíceis. Basta repetir: arbitrariedades. Coisa louca, nunca é uma só. São arbitrariedades.

Quando chegou no ponto de encontro já estava rolando confronto. Precisou pouco para isso. A polícia vai esperando a deixa. E alguns sempre vão pro sacrifício. Não é nada difícil isso acontecer.

Passou pela galera ansiosa ansioso, se infiltrou no meio da turma, chegou na linha de frente. Parou. Olhou. Acomodou o corpo. Tentando manter a calma, ele estava de frente pros homi. É treta! Impossível a perna não tremer e o suor não brotejar na testa. Começou a contar: um, dois, três, seis, oito, treze, dezenove policiais, quantos são, peraí, trinta e três, quarenta e quatro… Vem chegando mais, o quê que está pegando mesmo?

Qual é meu nome, Hermano ou Diego? A mente turva, a cabeça a milhão, ele na linha de frente do confronto. A essa hora a mãe, que assistia TV, já estava recebendo flashs do protesto dos estudantes contra o fechamento de escolas. “A situação está tensa”, anunciava a repórter e as câmeras mostravam os estudantes sentados em carteiras, no meio da rua dos carros, impávidos, silenciosos, resistentes como Gandhi. E do outro lado, num mar de luzes piscando das viaturas, um batalhão inteiro de policiais, com cavalaria, cães, tropa de choque, blindados, motos, um arsenal pesado.

No fundo, todo mundo rangendo dentes. Estavam na frente de uma delegacia. O território é deles, do “ladonegrodaforça”, rolava a hashtag. Tem que tomar cuidado, evitar o confronto.

Só que o inesperado acontece. Um cachorro escapou da mão de um dos guardas e saiu correndo como um foguete. Voou no primeiro que viu. No pescoço. Como um tiro seco.

Os estudantes gritaram. Os policiais foram para cima. A mãe, que já tinha visto tudo pela TV, corria para lá. Correu e chegou na hora.

Que hora é essa, Hermano ou Diego? De despedir, mãe! Em pedaços os dois, sem ninguém poder fazer nada.

Filho. Um filho. Só quem tem filho sabe o que é mexer com um filho seu. “Cadê meu filho? Me dêem meu filho de volta! Vocês mataram meu filho!”, ela gritava, ajoelhada aos pés dele.

O que ela disse quase ninguém ouviu. Outras mães iriam se juntar a ela logo depois. Em meio a muita violência. Muita mesmo.

Eram só estudantes, Es-tu-dan-tes! Jovens! Futuro do Brasil!! Todos os sonhos do mundo e alguns mais. Protestando contra o fechamento das escolas deles, nada mais justo!!!

Por quê que matam as pessoas?

Quem é que autoriza tudo isso?

 (Um conto de Wagner Merije)

 

 

 

Tenho em mim todos os sonhos do mundo

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O cardápio do progresso


01 dez

Feira Miolo 29_George Leoni_Torpedos

 

Do livro TORPEDOS – saiba mais aqui

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Merije

Vlog do Wagner Merije


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