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Luz na Escuridão: Wagner Merije e o Grupo Galpão estudam José Saramago e o Ensaio sobre a Cegueira


20 jul

O fabuloso Grupo Galpão, uma das mais respeitadas companhias teatrais do Brasil, convidou o Doutor em Letras pela Universidade de Coimbra, Wagner Merije (também conhecido como Wagner Rodrigues Araújo), para ministrar uma aula especial, que foi intitulada Luz na Escuridão: Uma aula sobre José Saramago e o Ensaio sobre a Cegueira.

A aula foi realizada na sede do grupo, em Belo Horizonte, no dia 19 de julho de 2024, e teve como objetivo inspirar e apoiar os atores na preparação para uma nova montagem baseada na emblemática obra de José Saramago, Ensaio sobre a Cegueira.

Nesta aula, Wagner Merije compartilhou insights sobre a profunda mensagem da obra de Saramago, discutindo suas complexas reflexões sobre a condição humana, a ética e o poder. Para Saramago, o fenômeno da “cegueira” representa muito mais do que a perda da visão; ele simboliza a falta de empatia e compreensão, uma metáfora universal que, infelizmente, permanece atual. Em sua exposição, Merije abordou não só o conteúdo literário, mas também o impacto de Saramago na literatura mundial e as possíveis ressonâncias da obra no contexto teatral.

O Grupo Galpão e sua trajetória no teatro popular e contemporâneo

Fundado em 1982, o Grupo Galpão se destaca pela sua capacidade de unir o teatro popular e o erudito, sendo pioneiro em peças que mesclam a tradição do teatro de rua com abordagens contemporâneas e palcos formais. Com sede em Belo Horizonte, o grupo desenvolveu uma linguagem artística plural, que transita entre o universal e o regional brasileiro, e que busca um contato direto e impactante com o público. Ao longo dos anos, o Galpão já se apresentou de norte a sul do Brasil e em vários festivais internacionais na América Latina, América do Norte e Europa.

O Grupo Galpão é composto por 12 atores que colaboram com diretores renomados, entre eles Fernando Linares, Paulinho Polika, Gabriel Villela, Cacá Carvalho e Paulo José, entre outros. Estes encontros com diversas vozes e direções enriqueceram a trajetória do grupo, forjando um estilo único que permite o diálogo constante entre diferentes tradições e inovações do teatro.

A filosofia de criação do Grupo Galpão

Além de produzir espetáculos impactantes, o Galpão mantém uma prática de reflexão ética e cultural, explorando o papel do ator e do teatro dentro do universo social. Esta abordagem reflete-se na sua prática de um teatro de grupo colaborativo, que valoriza o aprendizado contínuo e a criação coletiva. O convite a Wagner Merije para uma aula sobre Saramago reforça esta filosofia, demonstrando o compromisso do grupo em explorar temas literários profundos e relevantes, traduzindo-os para a linguagem teatral.

Para saber mais sobre o Grupo Galpão e acompanhar as próximas produções, visite o website oficial: www.grupogalpao.com.br

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Viagem a Minas Musical


15 abr

Sinopse
Viagem a Minas Musical é uma apresentação poética-musical-cênica que leva o público em uma deliciosa viagem pelo estado de Minas Gerais, rico em tradições culturais, paisagens, sabores e prosa.
O roteiro é estruturado a partir de poemas do livro Viagem a Minas Gerais, de Wagner Merije (2013), entre outros, entrelaçado com canções de domínio público e de intérpretes e compositores como Clara Nunes, Milton Nascimento e o Clube da Esquina, Ary Barroso, Martinho da Vila, Caetano Veloso, Paulo Diniz, Wando e Ataulfo Alves.
O cenário recria uma cozinha de Minas, onde um poeta, uma cantora e um músico dão corda na prosa, na poesia e na música, enquanto vão apresentando parte da história de Minas e dos mineiros.
A proposta é que ao final da apresentação o público saia com a sensação de conhecer um pouquinho mais de Minas, mas com a certeza de que trata-se de um lugar incrível e ainda por ser descoberto por brasileiros e estrangeiros.
No elenco estão o poeta Wagner Merije, a cantora e atriz Tâmara David e o músico Matheus Nascimento.
A estreia ocorreu no Sesc Palladium, em Belo Horizonte.

 

Fotos: Henrique Chendes

Apresentação
Com pão de queijo e rapadura no embornal, venha se aventurar com uma trupe de poetas, músicos e atores nesse lugar povoado de sanfonas e sinfonias, outonos e outroras, aonde um mundo se funda, onde o Rio Jequitinhonha deságua no Mar de Espanha, levando o vaqueiro Riobaldo a bordo de um barquinho de papel.
É uma viagem para dentro do Brasil, como disse Fernanda Montenegro, citada por Caetano Veloso na gravação de A terceira margem do rio, com Milton Nascimento: ”Eu vou ao sul do Brasil e me sinto em um lugar relativamente estrangeiro. Vou a Salvador e me sinto em um lugar bastante estrangeiro… Porque no sul do país parece que fui pra Europa, na Bahia parece que eu fui pra África… Mas quando eu vou a Minas, sinto que fui para dentro do Brasil”, declarou a grande dama do teatro brasileiro.
Minas Gerais, com sua imensidão cultural e geográfica, vem historicamente seduzindo poetas, artistas e viajantes de todo o planeta. Guimarães Rosa junto com Manuelzão fez o caminho que originou o “Grande Sertão: Veredas”. Manoel Bandeira, visitando o estado, produziu o “Guia de Ouro Preto”. Mário de Andrade com Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e o suíço Blaise Cendrars, acompanhados de uma turma da Semana de Arte Moderna, andaram visitando as Gerais, linkando poetas mineiros com  o vasto mundo, oportunidade em que  conheceram Carlos Drummond de Andrade e seus amigos.
Minas é raiz, é tradição, é antiga, mas também moderna e pulsante, sem esquecer de tudo que o envolve o “ser mineiro”: ingênuo, hospitaleiro, desconfiado e feliz.
A inspiração vem dos espetáculos “Poeta, Moça e o Violão” (1973), com Vinícius de Moraes, Clara Nunes e Toquinho, e “Brasileiro, Profissão Esperança” (1974), de Paulo Pontes, interpretado em duas montagens diferentes por Paulo Gracindo e Clara Nunes, Ítalo Rossi e Maria Bethania.

 

Fotos: Daniel Quintela

 

Duração
90 minutos

 

 

Contatos para apresentações
Aquarela Brasileira
www.aquarelabrasileira.com.br
faleaquarela@gmail.com
(11) 99821-1330

Rede Social: www.facebook.com/viagemaminasmusical

 

Elenco
Wagner Merije é poeta, compositor, jornalista, roteirista, diretor e curador. Mineiro do mundo, tem trabalhos lançados no Brasil e no exterior e alguns prêmios no currículo. Publicou os livros Astros e Estrelas – Memórias de um jovem jornalista em Londres (2017), Cidade em transe (2015), Viagem a Minas Gerais (2013), Torpedos (2012), Mobimento – Educação e Comunicação Mobile (2012) – finalista do Prêmio Jabuti 2013, e Turnê do Encantamento (2009), lançados em alguns dos principais eventos literários do país. Sua escrita também está em antologias e em outras mídias. Trabalhou para jornais, revistas, TVs e rádios no Brasil e no exterior, tais como Folha de São Paulo/Ilustrada, O Tempo, TV Minas, TV Sesc, Rádio Inconfidência, dentre outros veículos. Criou e coordena o projeto MVMob – Minha Vida Mobile, que capacita estudantes e educadores para a apropriação criativa dos celulares. Tem músicas em discos, filmes, séries e programas de TV. Recebeu os prêmios Sesc Sated (2003), Prêmio Tim da Música Brasileira (2005), Rumos Itaú Cultural (2008), Inovação Educativa Fundação Telefônica – OEI (2011), Prêmio da Música Brasileira (2013)­­­­. Em 2014 foi homenageado pelo Salão Nacional de Poesia Psiu Poético. É de BH, já morou em Londres e desde 2005 habita SP. Mantém o site www.merije.com.br

Tâmara David é atriz, cantora e produtora cultural. Participou de diversos grupos como Teatro Negro e Atitude, Enxadário e Sambaê, onde iniciou o estudo da voz e da percussão através da pesquisa da música de domínio público, como o samba de roda do recôncavo baiano, afoxés, música popular e afro-brasileira. Mineira de Belo Horizonte, radicada em São Paulo, integrou o grupo Ilú Obá De Min de 2007 a 2016, e como coordenadora realizou junto ao grupo preparação vocal e estudo de que inclui cantigas em yorubá presentes na cultura dos terreiros de Candomblé. Também canta em grupos de música popular brasileira, como Prato Principal, Festa da Massa, Mbej-Lua de Encantarias, Samba Negras em Marcha e Tambores em Mim.

Matheus Nascimento começou estudar violão aos 7 anos de idade no sul de Minas, onde nasceu. Hoje, como 26, morando em São Paulo, participa de diversos grupos e acompanha sambistas da nova geração e também da velha guarda, como Zé Maria, Toinho Melodia, Ideval Anselmo, Carlão do Peruche, Embaixada do Samba , Wilson das Neves, entre outros. Dirige musicalmente o grupo Roberta Oliveira & O bando de Lá e participa dos projetos, Cantigas de Alem Mar, Prato Principal e Combo de Musica Brasileira Moacir Santos.

Ficha técnica
Roteiro e Direção: Wagner Merije
Assistente de Direção: Tâmara David
Identidade visual : Rômulo Garcias
Produção: Flavia Mafra
Gestão: Aquarela Brasileira

Viagem a Minas Gerais_ilustrações Rômulo Garcias

 

Ilustrações: Rômulo Garcias

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Uma sexta-feira com paixão


03 abr

Uma sexta-feira sem paixão não é uma sexta. Muito menos da Paixão. Quando se fala e se vive uma Sexta-feira da Paixão à noite é preciso muita paixão. Sexta, noite, paixão, combinação perfeita em que tudo pode acontecer.

 

Expectativa para uma estréia de teatro, “Ludwig e Suas Irmãs”, com Jorge Emil e Cléo de Páris e Lavínia Pannunzio… Centro Cultural São Paulo… Sala Jardel Filho…

 

Antes, uma mensagem para Mario Bortolotto:

— “Você vai ao cemitério essa noite?”

 

E eis que o ar condicionado estava muito frio e muito seco. E como São Paulo é muito seco o tempo todo, com três minutos do início da peça minha garganta secou, fechou, meus olhos começaram a arder e eu tive que me levantar e sair em busca de um pouco de água.

Duas portas para fora depois, como não tinha bebedouro próximo, o jeito foi tomar “tap water”, da torneira do banheiro.

Ao tentar voltar, descobri que, por ordem do diretor, quem saísse não poderia voltar.

Mas eu não queria sair. Eu estava ali para ver a peça. Com muita paixão. Estréia. Teatro. Sexta-feira. Come on!

A produtora foi simpática e explicou que a bronca que ela tomaria seria muito grande, mesmo e apesar do ar condicionado e do ar seco de São Paulo.

Então não vale a pena! O diretor não está errado (talvez), mas o ar condicionado estava.

 

A noite é uma criança!

Coisas que acontecem numa Sexta-Feira da Paixão: ser impedido de voltar ao teatro.

 

Vou rumo à Augusta, passando pela Paulista em obras. Caos na cidade em transe. Quem é contra as ciclovias é ignorante! Vou ao cemitério. Ao Cemitério de Automóveis. Encontrar o grande Mario Bortolotto.

Mário que entrevistei em 2003 no Programa “Retratos” da TV Horizonte, fiquei amigo e fã, “nossa vida não vale um Chevrolet” e que agora re-encontro. Mário do recente “Esse tal de amor e outro sentimentos cruéis”, Mário da veia boa da palavra que transporta para o outro lado da cortina, Mário de tanta munição, herói do underground. Mário, o cara.

 

A verdade, a gente a encontra sempre numa Sexta-Feira da Paixão, é que o cemitério só se torna mais tarde, na madrugada.

 

Morte aos automóveis! Viva o Cemitério de Automóveis! Mais ciclovias! Mais paixão! Eu quero o teatro dos vampiros.

 

Acontece que já é tarde, os urubus voam no céu, e a paixão… a paixão?

Vai pra casa papai, que Dora está te esperando.

 

Ludwig e suas irmãs

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