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Wagner Merije no projeto Minas Território Cultural_Minas Inesgotável

Trinta Anos-Luz na Casa das Rosas
E mais uma edição do Sarau Suprasensorial aconteceu na Casa da Rosas, na Avenida Paulista, no dia 29/07/2016.
A ocasião marcou o lançamento do livro “Trinta Anos-Luz”, em comemoração aos 30 anos do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético.
Foi uma noite de celebração poética e de encontros.
Participaram poetas e artistas de estados e gerações diferentes, como Aroldo Pereira, Vanderley Mendonça, Wagner Merije, Rosani Abou Adal, Fatel Barbosa, Mavot Sirc, Mané do Café, Wilton Silva, Nego Blue, Rogéres Maia Gusmão, Djalma Allegro, dentre outros.
Neste livro, sou Organizador, Editor e autor.
Confira algumas imagens:
- Wagner Merije, Aroldo Pereira, Vanderley Mendonça
Sou poeta
Dia 20 de outubro é o dia do poeta.
Para comemorar, resolvi juntar alguns versos do livro “Torpedos“:
Sejam realistas:
Peçam sempre o impossível!
Com poucos caracteres
se escreve o que é preciso
Palavra de Narciso
Vivo pescando
versos
Como quem
reza um terço
E conta certo
Com um milagre
Hipnotizo palavras
Domo frases selvagens
Escrevo com tinta de
constelações
Falo pelo indizível
Poesia chama
Poesia é chama
O tempo veloz
Não tolera linha longa
A vida é breve
Poesia é creme
Poesia
Ave de barro
Plumas de terra
Aventura Ritual
Formas etéreas
Olhos em poros
Poesia
Voz flamejante
De tudo que existe
em nós
O poeta pena
Para escrever com o
que possa
Memórias vibrantes
Para a vida
Faço poesia como quem
Constrói cidades
Cada palavra-tijolo
Sustenta sua
importância
Sua verdade
Todo dia recito
cem versos
Para que o dia
fique bem diverso
Quando a palavra
encontra rima
Uma estrofe pode virar
obra-prima
As palavras carregam
Histórias dos séculos
Escrevo para
testemunhar
O que não vivi
Meu museu é meu corpo
Minhas memórias relíquias
O tempo é superlativo
Nessa museologia
Poesia é um estado de coisas!
Sou do estado da poesia!
Desliguei-me da lógica
racional
Faz tempo
Sou poeta, laboratório
transpessoal, expressão
Contratempo
A todos os poetas, minha singela homenagem!

Merije e Adélia na hora do almoço, após o Sarau do Memorial
Cidade em transe na Benedito Calixto
A Praça Benedito Calixto, em Pinheiros, é um dos epicentros culturais, sociais e políticos de São Paulo.
Foi lá que rolou mais um lançamento do livro Cidade em transe, de Wagner Merije.
A manhã começou com bolo de nozes e café e terminou com cerveja, baião de dois e vaquejada.
Foi lindo, emocionante, inesquecível! A todos, os sinceros agradecimentos.
ESPAÇO CULTURAL ALBERICO RODRIGUES
Praça Benedito Calixto, 159 – Pinheiros – São Paulo
12/09/2015 – das 11h30 às 15h
A poesia de Wagner Merije no Formosa International Poetry Festival
PRIMER ENCUENTRO DE POETAS DEL MUNDO EN TAIWAN
Formosa International Poetry Festival: Del 1 al 9 de septiembre 2015
O poeta Wagner Merije foi convidado para participar do Formosa International Poetry Festival.
A convite dos organizadores, Merije escreveu um poema em Inglês, que foi traduzido para o Chinês, junto com uma pequena biografia do autor.
Junto com o trabalho de outros convidados, o poema agora faz parte de um livro antologia, lindamente batizado de “Flame Trees Are in Blossom”.
A la ocasión del décimo aniversario de su fundación, El movimiento Poetas del Mundo organiza su Primer Encuentro en Taiwán. Invitamos a través de estas páginas a todos los poetas del mundo a unirse a las celebraciones que tendremos este año, una de ellas es este magno evento en Asia.
Formosa International Poetry Festival: Del 1 al 9 de septiembre 2015
On the occasion of the tenth anniversary of its Foundation, the poets of the world movement organizes its first meeting in Taiwan. We invite through these pages to all the poets of the world to join the celebrations we have this year, one of them is this great event in Asia.

The flame trees are in the blossom (Formosa International Poetry Festival 2015)
CONFIRA O POEMA
News From My Heart
There are too many worlds to be known
There are many lives to be lived
Here is your world to be saved
or destroyed
There is a mother and a child
loosing themselves in the darkness
Someone has to hear my voice
Someone has to prevent the storm and the wind
The end that will come will not be the last
even the first end or goodbye
Fear, you are more powerful than you know
Please, don’t drive me this night
Flesh is expensive on the market
Drums are screaming on the mountains
News from my heart
aren’t good (or) enough
Your love blind my eyes
your ways close the doors
I’m a sinner as you are
Need to regret no more
But, in the end we can be
falling angels or saviours of our souls
falling souls we can be
saving angels with no souls
內心的消息
有太多的世俗要瞭解
有許多生活要過
這是你的世界要救
或摧毀
有一位母親帶一位小孩
消失在黑暗裡
有人必須聽我的聲音
有人必須預防暴雨狂風
將到的結局不會是最後一局
甚至首次結局或再見
恐怕,妳比所知權力更大
今夜,請勿驅使我
市場上肉品很貴
山上鼓聲鼕鼕響起
我內心的消息
不好(或)不夠
妳的愛情蒙蔽我眼睛
妳的路封閉住門
我和妳一樣是罪人
不需要再後悔
但,結局時我們會是
墮落天使還是靈魂救主
我們會是墮落靈魂
拯救無靈魂的天使
(李魁賢轉譯)
Brazil:Wagner Merije
華格納.梅里傑,巴西詩人和作家。從事多媒體創作,經營文創事業,為多家報紙雜誌繪插圖。著有詩集《魚雷》(2002年)等五本,獲三項國家頒發獎。其所撰劇本和所導演視聽媒體,在網際網路、電視頻道、電影節中播放。
Análise do livro Viagem a Minas Gerais
Em outubro de 2014, por ocasião do 28º Salão Nacional de Poesia Psiu Poético, a Unimontes (Universidade Estadual de Montes Claros/MG) convocou alguns de seus alunos do curso de Letras para analisar obras dos poetas que seriam homenageados, entre eles Wagner Merije.
Sob orientação da professora Telma Borges o estudante, poeta e músico Cícero Neto escolheu o livro “Viagem a Minas Gerais”, e fez uma excelente análise.
“Wagner Merije é escritor, jornalista, compositor, e videasta. Reside atualmente em São Paulo, onde está envolvido como projetos multimídia ligados à literatura, música, vídeo, fotografia e arte-educação. Não é por acaso que sua arte é associada a essa interatividade e é conhecida como suprasensorial, despertando a atenção e interesse de crianças, jovens e adultos. Natural de Belo Horizonte, Minas Gerais, Merije têm trabalhos no Brasil e exterior.
É autor dos livros de poesia Viagem a Minas Gerais (2013), Torpedos (2012), Turnê do Encantamento (2009) e Mobimento – Educação e Comunicação Mobile (2012), que trata da apropriação do celular na educação e comunicação e foi finalista do Prêmio Jabuti 2013 na categoria “Educação”. Esses trabalhos foram lançados em diversos eventos, como Bienal do Livro de São Paulo, Balada Literária (SP), Casa das Rosas (SP), WebCurrículo (SP), Psiu Poético (MG), entre outros, e podem ser encontrados em livrarias e espaços culturais e educativos.
Merije também é criador e curador de eventos literários, como “Sarau Suprasensorial”, “Sarau do Memorial Minas Gerais-Vale”, “Sumário Poético” e “Bienal de Poesia de Minas Gerais”, e já participou dos grupos de poesia performática “Tripa de Mico Estrela” e “Panela de Expressão”. Por dois anos foi titular da coluna “Bom de Ler”, na revista BHS, com dicas de leitura.
Como jornalista, trabalhou para veículos no Brasil (Revista Palavra, Rede Minas, TV Horizonte, TV SENAC, O Tempo, Vivo Music Tones, Rádio Inconfidência, Savassi FM) e no exterior (Folha de São Paulo/caderno Folha Ilustrada, Euro Brasil Press, ambos em Londres) e é colaborador de revistas, jornais e sites.
Em paralelo, junto e interfaceando com a literatura, Merije se lança em constantes novas aventuras, pois acredita que toda experiência alimenta a escrita.
Na música lançou os discos autorais “Coletivo Universal” (2004), “Peopleware” (2009), “Se você perder a voz” (2011), “Suprasensorial” (2012). Nele, é proposto a mistura de nossos ritmos com a participação de trinta e dois músicos, entre eles, um dos mestres do trombone brasileiro Raul de Souza, “Liganóis” (2013), o DVD “Feito Durante o Dia” (2013), entre outros trabalhos. (fazer uma associação ao nome artístico “Merije” que é feito durante o dia).
Como roteirista e diretor audiovisual têm vários trabalhos exibidos na internet, em canais de TV e festivais de cinema.
No campo das iniciativas sociais, é idealizador e gestor do projeto cultural e educativo Minha Vida Mobile – MVMob- www.mvmob.com.br, que tem o objetivo de capacitar estudantes e educadores para produzir conteúdo audiovisual com celulares, fazendo do telefone um aliado no processo educacional.
Este trabalho objetiva apresentar o livro Viagem a Minas Gerais, do escritor, educador, jornalista, compositor, poeta e videasta Wagner Merije, na perspectiva de uma etnografia poética. Ao fazer sua travessia pelo estado de Minas, o autor dialoga com as línguas, religiões, tradições, que são transmitidas pelas gerações. Nessa perspectiva, acreditamos que mesmo sendo frutos da formação de várias etnias, conseguimos encontrar um ponto, ou alguns pontos em comum em na formação de povo mineiro, atestando assim nossa mineiridade.
Em Viagem a Minas Gerais, Merije faz uma epopéia contemporânea sobre nossos múltiplos Gerais, nossa identidade única de ser mineiro, povo desconfiado, de fala pouca e olhar sucinto. Com esmero aborda nossas raízes cavadas por diversas tribos e quilombos, facetas que nos compõem e nos faz ser assim, resistentes e bravos como o cerrado que nos envolve. Traz à tona a importância das marcas deixadas pelos nossos ancestrais: a língua, culinária, folclore e religiões. O livro é composto por setenta e oito poemas e o autor, em sua epopéia, atravessa mais de 220 municípios mineiros.
Nossas Minas são muitas e os Gerais vastos: geografia, divisas, fauna, flora, tudo em Minas parece querer falar. Um falar pouco, de voz macia e lenta, e já diziam que o relógio aqui anda mais lento mesmo, numa toada de carro de boi, num fim de tarde que se esvai junto com o cigarro de palha do matuto. Tudo aqui vira poesia, tudo aqui dá prosa na beirada do fogão, e de lá pro terreiro, onde se afina a viola, enquanto isso conta-se um causo, pronto, é folia de reis, é cantoria de fazer inveja, é festa de mineiro.
Índios e negros, com suas tribos e seus quilombos, abriram picadas nesse mundo sem fim, deixando aqui, de forma indelével, com todo seu sofrimento e sangue derramado, uma força desmedida que reverbera de forma aguda na alma do ser mineiro. Essa mesma força, e uso aqui uma expressão criada pelo poeta Merije: “caldo da cultura que eu tanto gosto”, foi o caldo grosso que nos dá um tempero e um sabor sui generis.
Em Viagem a Minas Gerais percebemos a presença de uma etnografia poética suscitada por Wagner Merije, que cumpre, como bom poeta que é, além de tantos outros compromissos com a poesia, o de ser, como diria Ezra Pound, a antena da raça. Antena essa que nos faz enxergar o valor dessas etnias várias em nossa formação, reconhecendo-as e assim, nos fazendo sujeitos entendedores de nosso processo de formação, auxiliando e iluminando essa relação com o outro, com Minas, com o mundo.
João Rosa em Grande Sertão: veredas, dizia que “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe pra gente é no meio da travessia”. É isso que o autor propõe. De forma audaciosa se embrenha e se move por entre nossas montanhas e cerrados, veredas e sertões, rios e cascatas, degustando o aprazível sabor de nossas quitandas, nossa gastronomia sagrada, num trabalho mágico de travessia poética, nesses vastos cantos de um mundo à parte chamado Minas. Essa obra sugere ao coração o orgulho em ser mineiro.
Consideremos o poema abaixo:
Sentimentos de Minas
Quem conhece Minas
Adquire mesmo sem perceber
Nova cor na retina
Uma emoção algo difícil de dizer
E de repente arde
E vem e fica
Uma latente saudade
Nostalgia física
Nunca mais esquecerás
Tua vida será antes e depois dessas esquinas
Fica no peito, batendo
Um sentimento de Minas
Percebemos como é impactante e transformador esse encontro, por toda carga emblemática que Minas representa. Quem a conhece nunca mais será o mesmo. O uso de metáforas, como por exemplo, “nova cor na retina”, acentua ainda mais o caráter desse encontro tornando-o inesquecível. Minas se transforma num sentimento, algo abstrato e forte, que fica e não vai embora, é incorporado à alma do sujeito, a saudade incomoda, palpita, faz lembrar sempre. Outro ponto a salientar é o fato de aqui em Minas, as esquinas assumem outra identidade, elas possuem outro valor, não são esquinas comuns. O nosso Clube da Esquina, de Beto Guedes, Toninho Horta, Lô Borges, Milton Nascimento, Fernando Brant entre outros, as tornaram mágicas através de harmonias extremamente sofisticadas e letras encantatórias de uma inventividade peculiar, numa construção musical esmerada, que toca a alma sem muito esforço.
Citamos agora, esse poema que demonstra o relacionamento intrínseco que a culinária assume na vida do mineiro:
República do pão de queijo
O cheiro do pão de queijo
Assando
Pode não iniciar uma revolução
Mas deixa o mineiro
De prontidão
Preparado para qualquer guerra
O pão de queijo, uma das iguarias mais emblemáticas da gastronomia mineira (especula-se que a receita exista desde o século XVIII), está representado no poema como uma fonte suprema de energia e disposição (o que o espinafre, por exemplo, representaria pro Popeye) e através dessa energia, se enfrentaria qualquer situação, até mesmo uma guerra. Dessa forma temos um elemento de nossa cultura gastronômica reafirmando nossa mineiridade.
No poema “Tribos de Minas”, Merije utiliza o nome das doze etnias indígenas espalhadas em territórios diferentes dentro do nosso estado, bem como expressões que nomeiam cidades, ruas entre outros lugares, nosso vocabulário. O poeta (re) afirma a profunda participação da cultura indígena em nossa formação, em nosso patrimônio, ao mesmo tempo que como diria Suassuna; “fala do povo para povo”.
Segundo Donizete Rodrigues em seu trabalho “Patrimônio cultural, Memória social e Identidade: uma abordagem antropológica”, património é o conjunto de bens, materiais e imateriais, que são considerados de interesse coletivo, suficientemente relevantes para a perpetuação no tempo. O património faz recordar o passado; é uma manifestação, um testemunho, uma invocação, ou melhor, uma convocação do passado. Tem, portanto, a função de (re) memorar acontecimentos mais importantes.
Na primeira estrofe há uma pergunta de extrema reflexão: “cadê os índios de Minas?” Diante do questionamento, tenta-se encontrar uma justificativa:
Foram pescar e nunca mais voltaram?
Migraram pelo território?
Ou viraram peça de museu?
Cadê? Cadê?
Chega-se a triste conclusão: “Parecem longe, LONGE”. O poema sugere dessa forma uma parcial extinção das tribos que aqui existiram. O que era abundância, hoje se tornou raro. Suscita uma análise crítica sobre nossos antepassados indígenas, colocando em xeque toda estrutura de tratamento para com eles.
Mais abaixo, o eu lírico nos diz:
E de repente percebo que estamos
Em toda parte
Outra (re) afirmação de que a cultura indígena está entranhada em nós, em nossos hábitos, em nossa memória. Estão em todo lugar, nos rodeia de toda forma, são nossos antepassados vivos, lúcidos. Passaram, sofreram, mas deixaram sua cultura.
Finalizando, me apoio no movimento antropofágico de Oswald de Andrade, inaugurado na semana de arte moderna de 1922, o qual era composto por duas vertentes. A primeira se voltava para a produção nacional, ou seja, a cultura indígena, liberação dos instintos e valorização da inocência. A segunda era baseada na proposta de não rejeitar, não refutar o que era oriundo da Europa ou de outros países. Sendo assim, usamos num contexto filosófico o termo alteridade, ou seja, eu respeito, digiro, devoro, me aproprio, me construo na cultura do outro, e assim, me faço humano. Nessa medida, trabalha-se o processo de aceitação do indivíduo, tornando mais aprazível as relações com o próximo, consigo mesmo e com o mundo.
Essa relação fica clara na estrofe abaixo:
Índia Minas
Somos índios em alma, práticas e palavras
Piracema, Pirapora, Piumhi
Sapucaí-Mirim, Paraopeba
A cultura é viva
Mesmo os que já se foram estão vivos
Na memória, o dia-a-dia
Jaboticatubas, Janaúba, Januária
Merije deixa claro que somos frutos de negros, índios, mulatos, caboclos, mamelucos, somos miscigenação, somos caldo da cultura desse povo que nos forma, que nos faz ser assim, unicamente mineiros, unicamente humanos.
Tribos de Minas
Macro-jê
Caiapós, Tupys, Guaranys, Krebaks, Botocudos
Cadê os índios de Minas?
Foram pescar e nunca mais voltaram?
Migraram pelo território?
Ou viraram peça de museu?
Cadê? Cadê?
Parecem longe, LONGE
Chamo, CHAMO por NÓS
Acaiaca, Aimorés, Açucena, Abaeté
Aiuruoca, Almenara, Araçuaí, Araguari
Bambuí, Botumirim
E de repente percebo que estamos
Em toda parte
Jequitinhonha, Joaíma, Juatuba
Machacalis, Manhuaçu, Manhumirim
Minas tem o corpo de índia
A cultura indígena está entranhada
No corpo de Minas
Itabira, Itabirito, Itaúna
Itajubá, Itambé do Mato Dentro
Itapecerica, Igarapé
Minas é uma Indianápolis
Basta ouvir seus sons
Guanhães, Guaraciaba
Guarará, Guaxupé, Gurinhatã
UM TROVÃO . . .
É TUPÃ!!!
Na pajelança os espíritos vão dançar
Junto com Iara e Oxossi também
Resiste Bugre, criado nas Braúnas
Nos Buritis, no Buritizeiro
Irmãos de Caeté, Carapós e puris
Das bandas de Camanducaia, Cambuí
Cambuquira e Carandaí
Índia Minas,
Somos índios em alma, práticas e palavras
Piracema, Pirapora, Piumhi
Sapucaí-Mirim, Paraopeba
A cultura é viva
Mesmo os que já se foram estão vivos
Na memória, no dia-a-dia
Jaboticatubas, Janaúba, Januária
O TROVÃO . . .
É TUPÃ QUE PERGUNTA . . .
E a pergunta ecoa:
Cadê os índios de Minas?
Cadê eu?
Cadê você, irmão brasileiro?
Inimutaba, Ipanema, Ipatinga
Ubá, Ubaporanga, Unaí
Cadê?
ARANÃ, CAXIXÓ, MAXAKALI, PANKARARU
PATAXÓ, MOKURIÑ, XUKURU-KARIRI
XAKRIABÁ, CAFÚ-AWA-ARACHÁS”
Por Cicero Neto – Departamento de Letras – Unimontes
Fica a dica de leitura: “Viagem a Minas Gerais”.
Acompanhe a trajetória do livro aqui: www.merije.com.br/diario/viagem-a-minas-gerais-o-livro
Adélia
Se fôssemos jovens
Eu te roubava da sua família
Com a melhor das intenções
E te faria minha
Casava com você
Rainha
Dama da poesia
Tudo como deve ser
Te ergueria uma casa de livros
Com muitas flores
Sem dores de amores
Sem hipocrisia
Te deixaria rodar a baiana
Só para poder espiar
A Dona Doida vir nos visitar
Ah, que bacana seria!
Eu seria seu passarinho, seu bicho
Praticante de amor feinho
Divino sacerdote
Abençoando seus caprichos
Com o ferro e o fogo
Curaria suas cicatrizes
No meu peito escreveria
Os salmos dos aprendizes
Sua poesia me envolve
Nesse colo me deito
O amor tudo resolve
Pois te trago em meu peito
…
Do livro “Viagem a Minas Gerais”
…
Viagem a Minas Gerais, o livro
Uma viagem fantástica
O quarto livro do escritor Wagner Merije é um convite a uma deliciosa viagem pelo imenso estado de Minas Gerais, um estado que em si representa diversidade. No caminho são utilizados diferentes meios de locomoção, inclusive máquina do tempo. Então aperte os cintos, abra bem os olhos e sinta com todos os sentidos…3…2…1… partiu…
Trata-se de um trabalho inédito, contemporâneo e criativo. Uma viagem real e imaginária por uma Minas Gerais real e fantástica, por um lugar ainda por ser descoberto por mineiros, brasileiros e estrangeiros. É também um mergulho no “ser mineiro”, uma abordagem bem-humorado e critica sobre a mineiridade.
O livro consumiu vários anos de trabalho do autor e o resultado, com mais de 220 municípios de Minas Gerais citados, representa uma epopéia, a exemplo de outros livros como o “Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, o “Romanceiro Gitano”, de Garcia Lorca, “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, e a “Odisséia”, de Homero.
“O leitor poderá encarar esse livro também como um exercício jornalístico, antropológico, documental, geográfico… São também memórias poéticas de uma Minas Gerais que são muitas, de vidas vividas e imaginadas. Penso que falar da gigante Minas é um desafio enorme. Seria impossível esgotar o assunto neste livro apenas. Por isso, esse é o volume I”, diz o autor.
“Viagem a Minas Gerais” além de ser um livro, já vem com outros predicados: um documento da memória, uma obra de arte em si, uma bela lembrança para todos, brasileiros e estrangeiros, que vêem a Minas e querem levar de volta para casa uma obra que represente o espírito acolhedor e poético dos mineiros.
“Como diz Drummond: “Ser Mineiro é… é falar pouco e escutar muito, é passar por bobo e ser inteligente, é vender queijos e possuir bancos. Ser Mineiro é dizer “uai”, é ser diferente (…)
é ter história”, cita o autor.
Fica o convite: Viajem a Minas Gerais!
Orelha
Minas Gerais, com sua imensidão cultural e geográfica, vem historicamente seduzindo poetas, artistas e viajantes de todo o planeta.
Guimarães Rosa junto com Manuelzão fez o caminho que originou o “Grande Sertão: Veredas”. Manoel Bandeira, visitando nosso estado, produziu o “Guia de Ouro Preto”. Mário de Andrade com Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade e o suíço Blaise Cendrars, acompanhados de uma turma da Semana de Arte Moderna, andaram visitando nossa terra, linkando nossos poetas com o vasto mundo, oportunidade em que conheceram Carlos Drummond de Andrade e seus amigos.
Agora o poeta, compositor, videasta e criador plural Wagner Merije, nos apresenta seu novo livro de poemas “Viagem a Minas Gerais”, no qual com seu olhar multifacetado, tenta apreender nosso estado, que apresenta tão grande geografia humana, distribuída por mais de 850 municípios.
Cada cidade lhe suscita um poema, uma homenagem singela, que mais adiante pode virar cantoria, vídeo, cinema, teatro etc.
O poeta Wagner Merije, através da sua viagem, vai nos revelando Minas e seus Gerais, com sua gente, seus lugares, suas histórias, seus sabores e seus amores tantos. Com este livro voltamos a repensar o nosso jeito de ser mineiro e ‘geraiszeiro’.
“Drummomd está na fazenda
Guimarães Rosa se embrenhou pelas veredas
Darcy Ribeiro foi para a aldeia
Fernando Sabino está nos arcos de Santa Tereza
Cacaso faz a linha vermelha
Santos Dumont dizem que se suicidou
Júlio Emílio Tentaterra dança no inferno
Marku Ribas está fazendo folia no rio São Francisco
E eu, de cá te digo, não estou me sentindo muito bem…”
Com o poema “Liga dos Encantados” Wagner Merije costura a linha invisível que liga nossos inventores de todos os tempos em um só espaço. E, mais do que nunca, fica clara/escura a nossa multiplicidade.
Aroldo Pereira – Autor dos livros “Cinema Bumerangue” e “Parangolivro”
Curador do Salão Nacional de Poesia Psiu Poético
Prefácio
Dizem que Minas começa em Extrema e vai terminar em Montalvânia, na fronteira com a Bahia.
Na enciclopédia, Minas surge em Abadia dos Dourados e, mais de oitocentas cidades depois, vai se findar em Volta Grande, na Zona da Mata.
Já a Minas de Wagner Merije se inicia em Belo Horizonte e vai até muito longe, no sem-fim de um campo geral.
Ele sabe que da pedra viemos e relata essa intrincada geografia de quinas e arestas, onde Turmalina irá rimar com Diamantina.
Em sua caminhada, guiada provavelmente por São José da Safira, surgem sombras de índios emboscados, escravos fugidos e poetas conspiradores.
Sim, e muitos outros poetas, como Drummond, Adélia Prado, Manuel Bandeira e Garcia Lorca acompanham Merije nesse caminho, seguindo na estrada pra Guardinha, com pão de queijo e rapadura no embornal.
Venha se aventurar com eles nesse lugar povoado de sanfonas e sinfonias, outonos e outroras, aonde um mundo se funda, onde o Rio Jequitinhonha deságua no Mar de Espanha, levando o vaqueiro Riobaldo a bordo de um barquinho de papel.
José Santos é mineiro de Santana do Deserto e escreve livros para crianças e jovens. É fundador do Museu da Pessoa.
…… QUATRO POEMAS ……
Adélia
Se fôssemos jovens
Eu te roubava da sua família
Com a melhor das intenções
E te faria minha
Casava com você
Rainha
Dama da poesia
Tudo como deve ser
Te ergueria uma casa de livros
Com muitas flores
Sem dores de amores
Sem hipocrisia
Te deixaria rodar a baiana
Só para poder espiar
A Dona Doida vir nos visitar
Ah, que bacana seria!
Eu seria seu passarinho, seu bicho
Praticante de amor feinho
Divino sacerdote
Abençoando seus caprichos
Com o ferro e o fogo
Curaria suas cicatrizes
No meu peito escreveria
Os salmos dos aprendizes
Sua poesia me envolve
Nesse colo me deito
O amor tudo resolve
Pois te trago em meu peito
República do pão de queijo
O cheiro do pão de queijo
Assando
Pode não iniciar uma revolução
Mas deixa o mineiro
De prontidão
Preparado para qualquer guerra
Sentimento de Minas
Quem conhece Minas
Adquire, mesmo sem perceber
Nova cor na retina
Uma emoção algo difícil de dizer
E de repente arde
E vem e fica
Uma latente saudade
Nostalgia física
Nunca mais esquecerás
Sua vida será antes e depois dessas esquinas
Fica no peito, batendo
Um sentimento de Minas
De pedra
Somos feitos de pedra
Da pedra viemos
Rochedo de Minas, Cascalho Rico
Cristais, Cristália, Crisólita
Carbonita, Diamantina
Ouro Preto, Ouro Branco
Prata, Pratápolis, Pratinha
Rubelita, Turmalina
São José da Safira
Pedra Azul, Pedra Bonita, Pedra do Anta
Pedra do Indaiá, Pedra Dourada
Pedralva, Pedras de Maria da Cruz
Queluzito, Berilo
E Esmeraldas
Lavras, Lavras Novas
Nosso chão é Pedrinópolis
Para a pedra voltaremos
Terminaremos todos em pó
Seremos todos o futuro chão de Minas
Sobre o autor
Wagner Merije é poeta, escritor, jornalista, gestor cultural, curador, criador audiovisual e editor. Publicou os livros Mexidinho (2017), Astros e Estrelas – Memórias de um jovem jornalista em Londres (2017), Cidade em transe (2015), Viagem a Minas Gerais (2013), Torpedos (2012), Mobimento – Educação e Comunicação Mobile (2012) – finalista do Prêmio Jabuti 2013, e Turnê do Encantamento (2009), lançados em alguns dos principais eventos literários do país. Sua escrita também está em antologias e em outras mídias. Tem músicas em discos, filmes, séries e programas de TV. Recebeu os prêmios Sesc Sated (2003), Prêmio Tim da Música Brasileira (2005), Rumos Itaú Cultural (2008), Inovação Educativa Fundação Telefônica – OEI (2011) e Prêmio da Música Brasileira (2013).
Confira uma análise do livro: www.merije.com.br/diario/analise-do-livro-viagem-a-minas-gerais/
DADOS DO LIVRO
Título: Viagem a Minas Gerais
Autor: Wagner Merije
Número de páginas: 188 págs.
Gênero: Poesia/Viagens/Memórias
Formato: 14×21 cm
Material: papel Pólen bold 80g
ISBN: 978-85-67515-01-4
Encomendas: faleaquarela@gmail.com
Fotos dos lançamentos
Estação Ouvidor Savassi
Estação Casa das Rosas
Estação Psiu Poético – Montes Claros-MG
Estação Fórum das Letras – Ouro Preto
Estação Bienal do Livro de Divinópolis
Agenda de lançamento
Janeiro
Belo Horizonte-MG – 25/01/2014 – Livraria Ouvidor – Rua Fernandes Tourinho, 253 – Savassi – Das 11h às 14hs
Abril
São Paulo-SP – 16/04/14 – Casa das Rosas – 19h às 21h30
Junho
São Paulo-SP – Parque da Juventude
Agosto
João Monlevade-MG
Setembro
Salvador-BA – Porto dos Livros
Outubro
Montes Claros-MG – 10/10/14 – 28º Salão Nacional de Poesia Psiu Poético
Novembro
Ouro Preto-MG – Fórum da Letras
Divinópolis-MG – Bienal do Livro de Divinópolis
Dezembro
Belo Horizonte-MG – Circuito Literário Praça da Liberdade

Arte: Rômulo Garcias
Sarau do Memorial Minas Gerais Vale
Wagner Merije é o responsável pela curadoria e a coordenação artística do SARAU DO MEMORIAL, que estreia neste janeiro de 2013 no Memorial Minas Gerais – Vale, que faz parte do Circuito Cultural Praça da Liberdade.
O projeto Sarau do Memorial tem como objetivo apresentar, promover e difundir a poesia feita em Minas Gerais e celebrá-la junto com o público em apresentações de poetas representantes de várias gerações, movimentos e regiões do estado.
A proposta é celebrar a diversidade da poesia que a gente vive, em suas múltiplas representações criativas. Além de leituras, estão previstas apresentações que poderão contar com músicos, videomaker, bailarinos e outros criadores convidados.
Em sintonia com a proposta multimídia do Memorial, homenagens especiais serão feitas à vida e obra de artistas símbolos de Minas Gerais, como Guimarães Rosa, Carlos Drummond de Andrade, Lygia Clark e Sebastião Salgado.
Você é nosso convidado para esta celebração!
Apresentações
As apresentações acontecem mensalmente, no último domingo do mês, às 11hs e às 13hs, com entrada franca (retirada de senha 30 minutos antes) na preciosa Casa da Ópera do Memorial Minas Gerais Vale.
Programação
Janeiro
Adélia Prado – 27/01/2013

Adelia Prado_foto Jordano Prado
Fevereiro
Ricardo Aleixo – 24/02/2013
Março
Guiomar de Grammont – 31/03/2013
Abril
Jorge Emil – 28/04/2013
Maio
Luciana Tonelli – 26/05/2013
FICHA TÉCNICA
Realização
Memorial Minas Gerais Vale
Curadoria e Coordenação Artística
Wagner Merije
Produção
Mercado Moderno & Lazuli