Suprasensorial – uma proposição

09 jun

Minhas criações são “dirigidas aos sentidos do indivíduo para desaliená-lo do condicionamento do cotidiano”. É uma proposição estética e filosófica a partir de um novo comportamento perceptivo.
Nisso me inspiro no artista plástico e performer Hélio Oiticica, que com suas artes buscava “dilatar a consciência do indivíduo” não mais através do intelecto mas da vivência da liberdade. Para H.O, a passagem de uma participação “simples e estrutural”, para uma participação “sensorial” desemboca na própria vida diária.
Como ele, me interesso no “comportamento”, isto é, levar os indivíduos a exercer sua liberdade. Esta vivência a ser estimulada, é um instante “criador”, “livre”, mas não necessariamente “feliz”. Há muitos temores e sentimentos antagônicos que surgem nesse processo. A vivência do instante sinaliza o início do “suprasensorial”.
A passagem do sensorial para o suprasensorial se dá na transposição de barreiras da “inibição puramente sensorial”. O suprasensorial (arte ou antiarte) é uma manifestação de caráter coletivo. O suprasensorial é consciente, amoroso, compartilhador. H.O. opõe essa “força mítica” à “inteligentsia”. Escreveu: “toda tentativa individual de expressão deve ser respeitada como uma ‘arte’.”

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