Quem vem das periferias do Brasil sabe
Negro ou branco, não importa a cor
Você tem que ralar muito
Para chegar a doutor
Quem vem das periferias do Brasil tem que lutar
Por cada dia, por cada oportunidade
Arte, futebol ou crime, o que esperar
De uma abolição que não aconteceu de verdade?
Quem vem das periferias do Brasil
Tem um pé na senzala
Na periferia é lei da bala
Quem cumpre as ordens do feitor é o fuzil
Amarildos, Claudias da Silva, Pixotes
Viemos e vivemos todos em senzalas e celas
Somos filhos bastardos das maracutaias e dos golpes
E da violência eternizada contra a favela
Por Wagner Merije