fevereiro, 2016

Contextos Literários – O lugar do Sarau


10 fev
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Contextos Literários é um projeto do Sesc Consolação, em São Paulo, concebido pela programadora Roberta Scatolini.
Inaugurando o projeto, nos meses de janeiro e fevereiro o tema é a Literatura Independente, alternativa que os escritores criaram para a publicação de suas obras. Serão seis encontros, sempre às segundas-feiras à noite, com a presença de convidados percorrendo desde os processos de criação individual dos textos, como os caminhos da produção literária, o mercado editorial alternativo e os possíveis espaços de circulação das obras e de seus autores.
O lugar do Sarau
Nunca se falou tanto em Saraus. Na cidade de São Paulo esse tipo de evento ganhou visibilidade na periferia, chamando a atenção da mídia e de pesquisadores por apresentarem características em comum, como: espaços com público consolidado, presença de livros, incluindo a edição independente dos próprios frequentadores, e local de referência e grande repercussão cultural. Entretanto, existem outras formas de organização de Saraus. Neste encontro partiremos de duas experiências bem distintas, que pretendem fomentar o diálogo sobre a formação de leitores e escritores, a circulação de livros, o incentivo cultural e outras questões que circundam o lugar dos Saraus.
Rodrigo Ciriaco é professor, escritor, mediador de leitura e ativista cultural. Criou o coletivo cultural Sarau dos Mesquiteiros, que acontece dentro de uma escola pública de São Paulo, onde ele leciona. Colabora com os projetos Cooperifa e Rachão Poético – Copa Mundão de Poesia, e o selo literário Edições UM por TODOS. Publicou os livros “Te pego lá fora” (Edições Toró, 2008), 100 Mágoas (Edições Um Por Todos, 2011), “Vendo Pó…esia” (Edições Um Por todos, 2014). Produz o blog “Efeito Colateral” e atualmente integra o Conselho Diretivo do PNLL – Plano Nacional do Livro e Leitura.
Wagner Merije é escritor, jornalista, curador, gestor cultural, criador multimídia e diretor artístico do músico Raul de Souza. É autor dos livros “Cidade em transe” (Aquarela Brasileira, 2015), “Viagem a Minas Gerais” (2013), “Torpedos” (2012), “Mobimento – Educação e Comunicação Mobile” (Peirópolis, 2012) – finalista do Prêmio Jabuti 2013 – e “Turnê do Encantamento” (2009), entre outras publicações. Foi curador do Sarau do Memorial, em Belo Horizonte/MG, durante os anos de 2013 a 2015, levando mais de 40 poetas independentes à cena cultural mineira.
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Serviço
Contextos Literários com Rodrigo Ciríaco e Wagner Merije
Data: 15/02/2016
Horário: 9h15 a 21h30
No Espaço de Leitura, 3º andar.
Sesc Consolação
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Brasareiros


01 fev

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— Aprendemos a respeitar o fogo e amá-lo, ao mesmo tempo. Aprendemos a viver onde nosso mapa aponta. Arre! Somos desse mundaréu e o fogo é a nossa língua, nossa pátria. Seu moço, somos nada não!

— Mas os homi cegos que vêm aqui de vez em quando falar que nóis emprega crianças onde num deve, nem enxerga nóis direito. Eles têm medo di nóis. Mas eu te pergunto: medo de quê? Por quê? Pra quê? A gente é nada não, fulige sem nome cheirando a carne queimada.

— Olha pra nossas caras… Somos todos pretos. Fulige iguala nóis com a noite. Somos todos daqui, do fogaréu. Nascemos e morremos como um sopro de Deus. E só deixamos cinza para encontrar a terra. Mundaréu cheio das porteiras. Vai ver era para ser assim mesmo, né não?

— Somos todos brasareiros, brasileiros de brasa. Carvão. Ou melhor, cinzas. Somos apenas cinzas do que já fomos, do que podíamos ser. Tudo em nóis queima, foi queimado e não existe mais. Nem sinal de fumaça.

— E vosmecê pode estar perguntando: mais quem são essas vozes que falam? São as vozes do fogo, das labaredas! Fogo de quem não existe mais. As vozes dos ausentes. Dos incinerados. As vozes que engolem fogo.

— Com o fogo se queima e é queimado. E não existe mais nada depois das cinzas. Todos esses meninos que vocês vêem aí correndo entre fornos são restos de sonhos, são zumbizinhos carbonizados. São gente não, são carvão e restos de brasa. Brasareiros.

— Enquanto isso, na China o sol é coberto por uma imensa nuvem de fumaça.

 

(Autor: Wagner Merije)

 

 

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