abril, 2015

Não há nada de novo com a morte


10 abr

Pela estrada afora
a morte segue seu caminho
sem pressa, sem hora
sempre deixando alguém sozinho
E por isso ela ri
pra dentro, em silêncio
opositora do por vir
eliminadora do bom senso

Não há nada de novo com a morte
não há nada de novo, é certo
De oeste a leste, sul ao norte
ela está sempre por perto

De frente pra ela
libero minha curiosidade:
tem sentido, mazela?
Qual a sua necessidade?
Repentina ou premeditada?
Aleatória ou calculada?
Justa ou desequilibrada?
Violenta ou delicada?

Não há nada de novo com a morte
não há nada de novo, é certo
De oeste a leste, sul ao norte
ela está sempre por perto

O sono da morte
eu quero evitar
guardar-me forte
pra vida brindar
Encarar de frente
não dar colher de chá
viver o presente
e os sonhos reinventar

Não há nada de novo, senão a vida

 

(poema em elaboração, de Wagner Merije)

(Em memória de Nayara, uma menina linda, alegre, forte, vitoriosa, que a morte indelicadamente roubou a vida aos 30 anos, deixando 2 filhos pequenos. Nayara virou um anjo.)

Não há nada de novo com a morte

Não há nada de novo com a morte

Não há nada de novo com a morte

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Cidade em transe, A Praça e Mano Brown


07 abr

Vem aí o meu novo livro, “Cidade em transe”.
E estou muito empolgado com esse novo trabalho. Quase oito anos depois, o livro tem início na Virada Cultural de 2007 em SP. E o que rola depois é mais violência seguida de reistência!
No mais recente disco, “Cores e Valores”, Edi Rock e os Racionais MC’s falam da “Guerra da Sé”.
Com tanta violência em SP e no Brasil, a prisão de Mano Brown numa blitz é só mais um indício da “Nuvem Cinza”. Boladão, pesadão, a rua é nóiz. Ação e reação na periferia:

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Uma sexta-feira com paixão


03 abr

Uma sexta-feira sem paixão não é uma sexta. Muito menos da Paixão. Quando se fala e se vive uma Sexta-feira da Paixão à noite é preciso muita paixão. Sexta, noite, paixão, combinação perfeita em que tudo pode acontecer.

 

Expectativa para uma estréia de teatro, “Ludwig e Suas Irmãs”, com Jorge Emil e Cléo de Páris e Lavínia Pannunzio… Centro Cultural São Paulo… Sala Jardel Filho…

 

Antes, uma mensagem para Mario Bortolotto:

— “Você vai ao cemitério essa noite?”

 

E eis que o ar condicionado estava muito frio e muito seco. E como São Paulo é muito seco o tempo todo, com três minutos do início da peça minha garganta secou, fechou, meus olhos começaram a arder e eu tive que me levantar e sair em busca de um pouco de água.

Duas portas para fora depois, como não tinha bebedouro próximo, o jeito foi tomar “tap water”, da torneira do banheiro.

Ao tentar voltar, descobri que, por ordem do diretor, quem saísse não poderia voltar.

Mas eu não queria sair. Eu estava ali para ver a peça. Com muita paixão. Estréia. Teatro. Sexta-feira. Come on!

A produtora foi simpática e explicou que a bronca que ela tomaria seria muito grande, mesmo e apesar do ar condicionado e do ar seco de São Paulo.

Então não vale a pena! O diretor não está errado (talvez), mas o ar condicionado estava.

 

A noite é uma criança!

Coisas que acontecem numa Sexta-Feira da Paixão: ser impedido de voltar ao teatro.

 

Vou rumo à Augusta, passando pela Paulista em obras. Caos na cidade em transe. Quem é contra as ciclovias é ignorante! Vou ao cemitério. Ao Cemitério de Automóveis. Encontrar o grande Mario Bortolotto.

Mário que entrevistei em 2003 no Programa “Retratos” da TV Horizonte, fiquei amigo e fã, “nossa vida não vale um Chevrolet” e que agora re-encontro. Mário do recente “Esse tal de amor e outro sentimentos cruéis”, Mário da veia boa da palavra que transporta para o outro lado da cortina, Mário de tanta munição, herói do underground. Mário, o cara.

 

A verdade, a gente a encontra sempre numa Sexta-Feira da Paixão, é que o cemitério só se torna mais tarde, na madrugada.

 

Morte aos automóveis! Viva o Cemitério de Automóveis! Mais ciclovias! Mais paixão! Eu quero o teatro dos vampiros.

 

Acontece que já é tarde, os urubus voam no céu, e a paixão… a paixão?

Vai pra casa papai, que Dora está te esperando.

 

Ludwig e suas irmãs

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