outubro, 2013

O chapéu do Chacrinha


25 out

Encontrei essa foto do Chacrinha vestindo um chapéu feito com a bandeira de Minas Gerais e acabou dando poesia:

O chapéu do Chacrinha

………

Minas Gerais tá na cabeça
Tá na cabeça do Chacrinha
Toda solta na avenida
No carnaval desinibida
Tropicalista, zenbudista
De vermelho e branco
Minas Gerais vai desfilando
Na cabeça do Chacrinha
Minas Gerais tá na cabeça
Tá na cabeça do Chacrinha
Doida para pirar
Achando que hoje é carnaval
Paranormal, suprasensorial
O tempo vai passando
Minas Gerais vai desbundando
Na cabeça do Chacrinha

Subversiva mãe de ferro
De tetas fartas
De noites longas e dias úteis
A mim não basta
Quero cantar-te nos meus versos
Deusa lunática
Faz meu fogo (fátuo) minha arte
Dança no cemitério
Enquanto estás viva
Muito viva enquanto gozastes
De tudo que a todos oferece
Põe teus seios na minha cesta
A ti a vida e o vinho eu ofereça
Vem, vem cantar-te nos meus braços
Te quero inteira furacão sem avisar
Inunda, se solta, goza, deixa gritar

Me prende entre mistérios gozosos
Abre seus secretos universos gostosos
Minas Gerais tá na cabeça
Tá na cabeça do Chacrinha

Publicada no livro “Viagem a Minas Gerais”

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Improviso em Pequim


21 out

Allen Ginsberg (Newark, EEUU, 1926-1997)

Improviso em Pequim

Eu escrevo poesia porque a palavra Inglesa Inspiração vem do Latim Spiritus, respiração, eu quero respirar livremente.
Eu escrevo poesia porque Walt Whitman deu permissão mundial para falar com candor.
Eu escrevo poesia porque Walt Whitman abriu os versos da poesia para a respiração desobstruída.
Eu escrevo poesia porque Ezra Pound viu uma torre de marfim, apostou num cavalo errado, deu aos poetas permissão para escrever no idioma vernacular falado.
Eu escrevo poesia porque Pound indicou aos jovens poetas do Ocidente que olhassem para as palavras da escrita pictográfica chinesa.
Eu escrevo poesia porque W. C. Williams que vivia em Rutherford escreveu o Novajerseyês “I kick yuh eye”, perguntando, qual a medida disso em pentâmetro iâmbico?
Eu escrevo poesia porque meu pai era poeta minha mãe vinda da Rússia que falava Comunista, morreu numa casa de loucos.
Eu escrevo poesia porque meu jovem amigo Gary Snyder pôs-se a observar seus pensamentos como parte dos fenômenos do mundo exterior exatamente como numa mesa de conferência em 1984.
Eu escrevo poesia porque eu sofro, nascido que sou para morrer, pedras nos rins e pressão alta, todo mundo sofre.
Eu escrevo poesia porque eu fico confuso por não saber o que as outras pessoas pensam.
Eu escrevo porque a poesia pode revelar os meus pensamentos, curar minha paranóia e
também a paranóia de outras pessoas.
Eu escrevo poesia porque minha mente vagueia entre assuntos de sexo política meditação Buddhadharma.
Eu escrevo poesia para fazer boa imagem da minha própria mente.
Eu escrevo poesia porque tomei os Quatro Preceitos do Bodhisattva: a sensibilidade a ser liberada das criaturas é inumerável no universo, minha própria ignorância gananciosa corta a infinitude da verdade, as situações em que encontro a mim mesmo enquanto o céu está ok são incontáveis, e o caminho da mente desperta não tem fim.
Eu escrevo poesia porque essa manhã eu acordei tremendo com medo o que é que eu tinha pra dizer na China?
Eu escrevo poesia porque os poetas Russos Maiakóvski e Iessênin cometeram suicídio, alguém mais precisa falar.
Eu escrevo poesia por causa do meu pai que recitava o poeta Inglês Shelley e o poeta americano Vachel Lindsay em voz alta dando exemplo grande alento de inspiração.
Eu escrevo poesia porque escrever sobre sexo é censurado nos Estados Unidos.
Eu escrevo poesia porque milionários de Leste a Oeste dirigem Limousines Rolls-Royce e pobres não têm dinheiro nem para ir ao dentista.
Eu escrevo poesia porque meus gens e cromossomas se apaixonam por garotos e não por garotas.
Eu escrevo poesia porque não tenho responsabilidades dogmáticas de um dia pro outro.
Eu escrevo poesia porque eu quero estar sozinho e quero falar para as pessoas.
Eu escrevo poesia para me voltar e falar com Whitman, jovens aos dez anos falam com velhas tias e tios que vivem ainda nas proximidades de Newark, Nova Jersey.
Eu escrevo poesia porque ouvi negro blues no rádio em 1939, Leadbally e Ma Rainey.
Eu escrevo poesia inspirado pela alegre juventude das canções envelhecidas dos Beatles.
Eu escrevo poesia porque Chuang-Tzu não podia dizer se era homem ou borboleta, Lao-Tzu disse que a água flui montanha abaixo, Confúcio disse para honrar os mais velhos, eu quis honrar Whitman.
Eu escrevo poesia porque ovelhas e gado superalimentados vindos da Mongólia para o Ocidente Selvagem dos Estados Unidos destróem a grama nova e a erosão criam desertos.
Eu escrevo poesia calçando sapatos com pele de animal.
Eu escrevo poesia “Primeira idéia, melhor idéia” sempre.
Eu escrevo poesia porque não idéias são compreensíveis exceto se manifestadas em determinados minutos: “Não idéias mas nas coisas”.
Eu escrevo poesia porque o Lama Tibetano diz, “Coisas são símbolos delas mesmas”.
Eu escrevo poesia porque as manchetes de jornal são um buraco negro em nossa galáxia-central, nós somos livres para noticiar isto.
Eu escrevo poesia por causa da Primeira Guerra Mundial, a Segunda Guerra Mundial, a bomba nuclear e a Terceira Guerra Mundial se queremos isto, eu não preciso disto.
Eu escrevo poesia porque meu primeiro poema Uivo não precisou ser publicado para ser perseguido pela polícia.
Eu escrevo poesia porque meu segundo longo poema Kaddish homenageava o parinirvana da minha mãe num hospital psiquiátrico.
Eu escrevo poesia porque Hitler matou seis milhões de judeus, eu sou judeu.
Eu escrevo poesia porque Moscou, segundo Stálin, exilou 20 milhões de Judeus e intelectuais na Sibéria, 15 milhões deles nunca voltaram para o Café Stray Dog de São Petersburgo.
Eu escrevo poesia porque eu canto quando sinto que estou sozinho.
Eu escrevo poesia porque Walt Whitman disse “Eu me contradigo? Muito bem, então eu me contradigo (Sou vasto, contenho multidões.)”
Eu escrevo poesia porque minha mente se contradiz, um minuto em Nova York, o próximo minuto nos Alpes Dináricos.
Eu escrevo poesia porque minha cabeça contém 10.000 pensamentos.
Eu escrevo poesia porque não tem razão não tem porquê.
Eu escrevo poesia porque é o melhor caminho para dizer tudo o que penso dentro de 6 minutos ou uma vida inteira.

(Tradução de Leo Gonçalves. Publicada originalmente na revista de Autofagia #3. Belo Horizonte, 2009)

Ginsberg

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Dia do Poeta, hoje e sempre


20 out

Neste Dia do Poeta (20/10), compartilhar poesia e pensamento é o que há!

República do Pão-de-Queijo

O cheiro do pão-de-queijo
Assando
Pode não iniciar uma revolução
Mas deixa o mineiro
De prontidão
Preparado para qualquer guerra

Foto: Merije

Foto: Merije

Acidente poético

Tá lá o poeta estendido no chão
Sem carteira assinada, sem plano de saúde
Atropelado por um ônibus que não parou
Não parou para a poesia passar
Voou livro para todo lado
Quebrou o sonho em sete partes
As vísceras de seu discurso estão à mostra
Já aglomeram muitos curiosos
Tem gente filmando no celular
Chama o Samu, 190
Parou o trânsito vira o caos
Parece que o cara tá mal
O poeta caído no chão
Ninguém chega para ajudar
Do seu bolso um poema novo escorre
Incompleto como aqueles ali olhando para ele
Tá sangrando poesia para todo lado
A polícia chega com a sirene a toda
A turba aproveita para gritar
Uma senhora começa a chorar
Não é a mãe mas é a única a acodir
Ajoelha nas páginas dos livros
E abraça o poeta destroçado
O poeta ali morre não morre
Mas a poesia era aquela mulher
Corajosa com um amor na mão
Viu que o homem ali caído
Podia ser um filho dela
Filho que ela nunca tivera
Mas na EJA, depois do trabalho
Descobriu na leitura um novo processo
Onde tudo que sonha é possível
E os homens do Samu vinham com a maca
Enquanto a polícia cercava o local
Os celulares registravam tudo
Corre aí
Dá oxigênio para o poeta
Que ele pode sobreviver
Vamos levar para o Pronto-Socorro
Que gente assim
Merece viver

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“A poesia é um princípio muscular e uma revolução para o corpo-espírito e para o intelecto e o ouvido.
Criar imagens e cenas, mesmo quando se utiliza uma melodia, não é o suficiente.
É necessária uma poesia de pura beleza e energia que não mimetiza, mas se une e influi na realidade e enuncia as grandes visões diárias.”

– Michael McClure

Foto: Merije

Foto: Merije

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Sarau do Memorial com Kiko Ferreira e Chico de Paula


19 out

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Uma homenagem a Vinicius de Moraes


17 out

Salve simpatia!
No próximo sábado, 19/10, o grande poeta e letrista, meu padrinho, Vinicius de Moraes, completaria 100 anos se estivesse vivo.
Vivo, na verdade, ele está nas lembranças de todos que tiveram bons momentos lendo e ouvindo o mestre.
Pensei em várias formas de homenageá-lo e a forma que encontrei foi juntar as duas coisas que nós dois mais gostamos: música e poesia.
E assim, humildemente, apresento minha singela versão de “A Felicidade”, uma das primeiras parcerias de Vinicius com o outro maestro, Tom Jobim.
Não é fácil entrar nas intrincadas e elegantes melodias de Tom, mas acho que uma “luz” me guiou nessa jornada.
Ouçam (de preferência, em um bom volume), curtam e tirem suas conclusões sobre a felicidade!

Ouça aqui

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Disputado Jabuti


17 out

Na categoria “Educação” do Prêmio Jabuti 2013, 21 livros ficaram entre os 10 finalistas.
Veja bem: 21 livros, disputando milésimos de pontos, foram eleitos pelos jurados para representar os “10” finalistas dessa disputada categoria.
Alguns trabalhos são coletâneas de artigos e estudos, envolvendo a colaboração de vários autores.
Simplesmente a categoria mais disputada deste Jabuti, dentre as 27.
Isso sem contar que foram inscritos 2.107 livros na 55ª Edição do Prêmio Jabuti, a mais importante premiação editorial do país.

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Enquanto autor “estreante”, ainda mais em uma categoria que não é a minha de origem, me sinto honradíssimo de ter concorrido com esses ilustres autores, estudiosos e educadores:

1º – Interações – Josca Ailine Baroukh (coord.), Maria Cristina Alves (org.) – Editora Edgard Blucher

2º – Práticas pedagógicas em ALFABETIZAÇÃO: espaço, tempo e corporeidade – Luciana Piccoli e Patrícia Camini – Edelbra Editora

2º – Temas de pedagogia – diálogos entre didática e currículo – José Carlos Libâneo e Nilda Alves – Cortez Editora

2º – Série Educação – Didática Geral – Bruno Taranto Malheiros – GEN | Grupo Editorial Nacional

2º – Comunidades de Aprendizagem: outra escola é possível – Roseli Rodrigues de Mello, Fabiana Marini Braga e Vanessa Gabassa – Editora da Universidade Federal de São Carlos

3º – Metodologia do ensino de filosofia: Uma didática para o ensino médio – Sílvio Gallo – EDITORA PAPIRUS

4º – Educação e meio ambiente Uma relação Intrínseca – Daniel Luzzi – Editora Manole

5º – Criatividade Brasileira Gastronomia, Design, Moda – Andréa Naccache – Editora Manole

5º – Mediação da aprendizagem na educação especial – gislaine coimbra budel e marcos meier – Editora Ibpex

5º – Escrita nas séries iniciais – Elizabeth Baldi – EDITORA PROJETO

5º – PLANEJAMENTO DE ENSINO E AVALIAÇÃO DO RENDIMENTO ESCOLAR-PEARE – SENAI-SP – SESI SENAI

5º – O Caráter educativo do movimento indígena brasileiro (1970-1990) – DANIEL MUNDURUKU – EDITORA PAULINAS

5º – Série Educação – Sociologia da Educação – Sílvia Marques – GEN | Grupo Editorial Nacional

5º – CANÇÃO POPULAR BRASILEIRA E ENSINO DE HISTÓRIA: PALAVRAS, SONS E TANTOS SENTIDOS – MIRIAM HERMETO – AUTÊNTICA EDITORA

5º – Poesia infantil e juvenil brasileira – Vera Teixeira de Aguiar E João Luís Ceccantini – Cultura Acadêmica Editora e Núcleo Editorial Proleitura

5º – Manual de reflexões sobre boas práticas de leitura – Gilda Carvalho, Daniela B. Versiani e Eliana Yunes – Editora Unesp

6º – Educação Escolar Indígena do Rio Negro 1998-2011 – Flora Dias Cabalzar (org.) – Instituto Socioambiental

7º – Educação nos terreiros e como a escola se relaciona com as crianças de candomblé – Stela Guedes Caputo – Pallas Editora

8º – ARTE EM QUESTÕES – Isabel A. Marques e Fábio Brazil – digitexto

9º – Sistema de Escrita Alfabética – Artur Gomes de Morais – EDITORA Melhoramentos

10º – Mobimento: Educação e Comunicação Mobile – Wagner Merije – Editora Peirópolis

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E depois de muita torcida e de ver o Jabuti 2013 bater asas, parabenizo aos que mais pontos obtiveram nessa honrosa disputa, que certamente merecem o destaque (e a leitura de seus livros):

1º – Série Educação – Didática Geral – Bruno Taranto Malheiros – GEN | Grupo Editorial Nacional

2º – Comunidades de Aprendizagem: outra escola é possível – Roseli Rodrigues de Mello, Fabiana Marini Braga e Vanessa Gabassa – Editora da Universidade Federal de São Carlos

3º – Metodologia do ensino de filosofia: Uma didática para o ensino médio – Sílvio Gallo – EDITORA PAPIRUS

S
… … …
A todos os que estiveram nessa delirante e letrada torcida, agradeço e prometo arriscar mais, ler muito, gastar minhas horas vagas e vãs nas bibliotecas do mundo, para quem sabe, um dia desses, com muita humildade, eu possa levantar esse caneco, digo, esse jabuti.

Aproveito para pedir a benção a todos os vitoriosos, em todas as categorias, especialmente ao meu padrinho, Vinicius de Moraes, tão próximo de chegar a seu centenário, e ainda me inspirando a escrever, escrever, escrever… sem parar!!!

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#Mobimento


16 out

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Olha a onda… Keep on movin’… mantenha o #mobimento
Foto-montagem feita por Bruno Albyran, da Viva Livraria e Editora (Maceió), que indicou o livro para ser adotado em algunas turmas de graduação da Universidade Federal de Alagoas (Ufal)

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Mundo Mobile no Programa “Online”


16 out

online tv

O programa Online dessa quarta-feira, 16/10/13, está show! Para bater um papo e falar sobre O MUNDO MOBILE, a apresentadora Claudia Carla irá receber no programa a polêmica atriz e modelo, Vanessa Fontana, a apresentadora da RBTV, Nani Venâncio, o apresentador da All TV, Janderson Rios e o idealizador e gestor do projeto Minha Vida Mobile, Wagner Merije, vulgo eu.
Além disso, o repórter Mauricio Mauzix irá levar você para uma viagem encantadora rumo a Londres, no quadro Por aí a fora.
O programa Online é exibido a partir das 22h00 na RBTV, e você pode interagir AO VIVO com a apresentadora e os convidados através do twitter oficial (@onlinenatv), da fan page no Facebook (Online) e pelo Skype (online_rbtv).

Você pode sintonizar a Rede Brasil através da GTV – canal 248, Oi TV – canal 139, Vivo TV – canal 237, Claro TV – canal 133, SKY – canal 175, CTBC – canal 714 e simultaneamente pelo site da emissora: http://www.rbtv.com.br/.

Merije_programa Online_16102013

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ME PROVOQUE, nova música do COLETIVO UNIVERSAL


10 out

Essa música é uma homenagem a todas as mulheres fortes, em especial a Clarice Lispector!
Participação especial de Kícila Sá na voz.
Uma produção e criação Merije & Jamphel D
Letra: Merije

coletivo universal_me provoque

OUÇA AQUI!! LISTEN!!!

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Um alô pro Jabuti


09 out

Jabuti Jabu ti Ja buti Ja bu ti já ja bu bu titi já vem
Um alô pro Jabuti_04102013

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